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França supera 10.000 mortos por coronavírus

07/04/2020 17h02

Paris, 7 Abr 2020 (AFP) - A França ultrapassou o limite de 10.000 mortes pela epidemia de coronavírus, com mais 597 mortes hospitalares nas últimas 24 horas, e reforçou suas restrições à circulação de pessoas em Paris ao entrar em sua quarta semana de confinamento.

O diretor geral de saúde da França, Jérôme Salomon, relatou na terça-feira em sua entrevista coletiva diária um total de 10.328 mortes no país desde 1º de março. Desse total, 7.091 foram registradas em hospitais e 3.237 em casas de repouso.

"Ainda não estamos no auge da epidemia, pois todos os dias há um pouco mais de doença nos hospitais", além dos casos que exigem terapia intensiva, alertou Salomon.

Atualmente, o número de hospitalizados com COVID-19 na França é de 30.000, dos quais 7.131 estão em terapia intensiva, "um nível nunca antes alcançado na França", segundo ele.

No entanto, embora em crescimento, o número de pessoas que precisam de respiradores cresceu menos do que nos dias anteriores (59, em comparação com 94 na segunda-feira e 140 no domingo), o que é visto como um sinal de esperança pelos profissionais de saúde.

"Ainda estamos na fase ascendente, embora diminua um pouco", disse Salomon.

O número de curados no país é de 19.337.

- Não baixar a guarda -No início da quarta semana de confinamento na França, o diretor-geral da Saúde instou os franceses a não baixarem a guarda.

"Devemos continuar absolutamente mobilizados com o confinamento, com as medidas de barreira, com o distanciamento social. Ainda não chegou a hora de sair do confinamento", disse Salomon.

O confinamento começou em 17 de março e está programado para durar até 15 de abril, mas as autoridades sugeriram seu prolongamento.

"O confinamento durará o tempo necessário", disse o ministro da Saúde, Olivier Véran, na terça-feira, enquanto o primeiro-ministro Edouard Philippe disse que "o confinamento vai durar", sem dar mais detalhes.

O confinamento "é difícil para muitos franceses, tenho plena consciência disso. Mas é essencial se não quesermos entrar em uma situação ainda pior do que a que estamos enfrentando hoje", disse Philippe.

A França é o terceiro país mais afetado na Europa em número de mortes pelo COVID-19, atrás da Itália e da Espanha.

- Novas restrições -Os franceses estão confinados em suas casas há três semanas e só podem sair para ir ao trabalho, se não for possível fazer isso remotamente, ou para atividades básicas como fazer compras ou passear com o cachorro.

Eles também podem sair para fazer atividades físicas individuais, mas por um tempo máximo de uma hora por dia e em um raio de até 1 km de casa.

No entanto, Paris, uma das cidades mais atingidas pelo vírus, decidiu proibir atividades esportivas nas ruas das 10h às 19h a partir desta quarta-feira. A prefeita Anne Hidalgo explicou que quer "concentrar" a prática esportiva "em momentos em que há menos pessoas na rua".

"De dia, há pessoas que vão às compras, o que é normal porque você tem que comer e há pessoas que vão trabalhar", disse. Aqueles que não cumprirem terão que pagar uma multa de 135 euros (147 dólares).

Essa decisão foi tomada depois que o ministro do Interior, Christophe Castaner, autorizou os municípios a "examinar caso a caso" a "necessidade de endurecer" as medidas por medo de um relaxamento da quarentena com a chegada do calor.

O município de Marcq-en-Baroeul, no norte do país, decidiu, por exemplo, sancionar pessoas que cuspirem em vias públicas, deixarem máscaras nas ruas ou espirrarem sem proteger o rosto com uma multa de 68 euros.

A Liga Francesa de Direitos Humanos disse que levaria o prefeito a tribunal pelo que considera uma violação das liberdades fundamentais.

Da mesma forma, o resort de praia de Biarritz, na costa atlântica, teve que anular um decreto que proibia a população de ficar mais de dois minutos nos bancos públicos da cidade, depois de receber uma onda de críticas.

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