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Coalizão dirigida por Riade no Iêmen anuncia cessar-fogo por coronavírus

08/04/2020 22h28

Riade, 9 Abr 2020 (AFP) - A coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, que age no Iêmen em apoio às forças do governo, observará um cessar-fogo a partir de quinta-feira no país em guerra para impedir a propagação do novo coronavírus, informou uma autoridade saudita nesta quarta-feira.

"Anunciamos um cessar-fogo [a partir de quinta-feira] por duas semanas. Esperamos que os huthis [rebeldes] aceitem. Abrimos o caminho para combater a doença de COVID-19" no Iêmen, disse a autoridade, acrescentando que a medida começará a ser aplicada na quinta-feira às 09:00 GMT.

Os rebeldes huthis com o apoio do Irã não reagiram imediatamente à oferta.

A coalizão disse que honrará seu compromisso com o cessar-fogo por duas semanas, mas se reserva o direito de se defender em caso de ataque, segundo a autoridade.

O cessar-fogo pode ser estendido se os huthis responderem "positivamente" à iniciativa da coalizão.

Em 23 de março, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu um "cessar-fogo imediato em todo o mundo" diante do COVID-19, que ameaça em particular os civis mais vulneráveis dos países em guerra.

Nesta quarta-feira, Guterres declarou que a trégua "pode ajudar na promoção dos esforços de paz e na resposta do país à pandemia de COVID-19".

"O diálogo é a única forma pela qual as partes poderão acertar um mecanismo que permita manter um cessar-fogo em escala nacional" no Iêmen e "a retomada do processo político visando uma solução global" para o conflito, avaliou o secretário-geral da ONU.

Guterres pediu "ao governo e aos huthis que se comprometam, de boa fé e sem condições prévias, com as negociações" facilitadas pelo enviado especial da ONU ao Iêmen, Martin Griffiths.

O enviado da ONU apelou aos beligerantes a "aproveitar esta oportunidade e cessar imediatamente todas as hostilidades".

A guerra no Iêmen enfrenta adversários locais, apoiados por potências regionais rivais.

O governo reconhecido pela comunidade internacional, apoiado desde 2015 por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, luta contra os huthis.

O Iêmen, que passa pela pior crise humanitária do planeta, também é o país mais pobre da península arábica e até agora não registrou nenhum caso de COVID-19. No entanto, organizações humanitárias temem uma catástrofe se o país for afetado pelo coronavírus.