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Coronavírus ameaça Reino Unido com uma recessão histórica

14/04/2020 15h55

Londres, 14 Abr 2020 (AFP) - A pandemia da COVID-19 ameaça o Reino Unido com uma recessão histórica, alertou nesta terça-feira (14) um instituto estatal, enquanto o governo avalia prolongar o confinamento.

Com mais de 12.000 mortos, o Reino Unido está entre os países mais afetados da Europa e não foi registrada uma diminuição no ritmo de propagação suficiente para permitir flexibilizar as medidas tomadas para frear a pandemia, com duros efeitos sobre a economia.

O Reino Unido poderá registrar uma queda de 13% do seu PIB neste ano, segundo uma projeção do OBR (Office for Budget Responsibility), órgão público responsável pelas previsões econômicas e orçamentárias do governo.

Esse colapso da atividade econômica "seria muito maior do anualmente observado no final de cada guerra mundial ou durante a crise" de 2008, alerta o OBR.

Essas estimativas são baseadas no cenário de um confinamento que duraria três meses, seguido por outro período semelhante com restrições suspensas aos poucos.

Esta publicação "é clara" em relação ao impacto da pandemia em "nossa economia e outras no mundo", disse o ministro das Finanças, Rishi Sunak, à BBC.

"Um teste muito difícil nos espera e não poderemos proteger todos os empregos ou empresas", disse.

No entanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê para este ano uma queda menor, de 6,5%, com uma recuperação posterior de 4% em 2021, segundo estimativas publicadas nesta terça-feira.

- Sem Johnson -Sunak acrescentou que o coronavírus deve ser superado "o mais rápido possível", enquanto o governo decidirá nos próximos dias prolongar o confinamento, decretado para o período de três semanas, no último 23 de março.

Essa decisão importante provavelmente será tomada na ausência do primeiro-ministro Boris Johnson, em recuperação após passar vários dias em terapia intensiva após ser contaminado pela COVID-19.

O número de 12.000 mortes é grave, mas esse balanço da pandemia não contabiliza as mortes registradas em asilos e lares para idosos, considerados falecimentos esquecidos pelas números oficiais.

Em meio às consequências econômicas e sociais do confinamento, o governo, que está sem um líder visível no momento, deve explicar sua estratégia para acabar com esta crise, enquanto vários países se mantêm nela.

Até o momento, a França suspenderia as restrições e reabriria gradualmente as escolas a partir de 11 de maio. A Espanha autorizou sob algumas condições que os trabalhadores retomassem suas tarefas em fábricas e obras. A Alemanha decidirá na próxima quarta-feira.

- Déficit de quase 14% -O OBR considera que a economia cai a cada dia, prevendo para o segundo trimestre uma queda de 35% do PIB em comparação com o anterior.

O desemprego poderia alcançar 7,3% no final de 2020, com um aumento de até 10% no segundo trimestre.

Prevê-se também um déficit público que equivalerá a 13,9% do PIB do orçamento anual de 2020-2021, até março de 2021. Para o OBR, é um recorde desde a Segunda Guerra Mundial.

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