FMI prevê queda brutal do PIB no Brasil em 2020 (-5,3%)
Washington, 14 Abr 2020 (AFP) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma contração brutal de 5,3% da atividade econômica no Brasil em 2020, em meio à pandemia de coronavírus, em seu relatório "Perspectivas da Economia Mundial" publicado nesta terça-feira (14).
Como muitas grandes potências mundiais, o Brasil sofrerá o impacto da queda generalizada de sua atividade econômica, que também atingirá os níveis de emprego, mas a contração está ainda acima da média da América Latina.
A economia mundial, de acordo com o FMI, cairá 3%.
Para 2021, o FMI prevê que a principal economia latino-americana - que vem de um pequeno crescimento de 1,1% em 2019 - voltará a crescer 2,9%.
Em coletiva de imprensa, a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, explicou que o país foi atingido por vários golpes simultaneamente: o colapso dos preços das matérias-primas, o menor crescimento de seus sócios comerciais e o impacto da própria epidemia.
- FMI prevê 14,7% de desemprego -O governo de Jair Bolsonaro, sob o comando econômico do ministro da Economia Paulo Guedes, busca implementar um pacote de reformas estruturais que deve passar pelo Congresso.
O controle da epidemia provavelmente implica gastos mais altos e já forçou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a injetar cerca de US$ 11 bilhões em liquidez no sistema financeiro do país no final de março.
Em meados de março, vislumbrando os efeitos da crise, o Banco Central (BCB) reduziu sua taxa básica de referência Selic em 0,5 ponto percentual, marcando uma nova baixa histórica de 3,75%.
Gopinath enfatizou a importância de realizar as reformas no médio prazo, uma vez superada a emergência de saúde.
A inflação permanecerá praticamente estável, a 3,6% (3,7% no ano passado), mas o mercado de trabalho sofrerá: o Fundo prevê que a taxa de desemprego passe de 11,9% em 2019 para 14,7% em 2020, um duro golpe para o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro.
A América Latina afundará em 2020 em uma forte contração econômica de 5,2%, devido ao golpe das restrições impostas para conter o coronavírus, com uma recessão esperada em praticamente todas as economias, e uma recuperação prevista para 2021.
A natureza desta recessão difere de outras crises anteriores, já que as medidas de confinamento envolvem o fechamento de locais de trabalho, a interrupção dos canais de suprimentos, demissões e a queda da renda.
Neste ambiente, há uma queda nos preços das matérias-primas que a região produz. Simultaneamente, uma guerra de preços que derrubou a cotação do barril de petróleo prejudicou seriamente países petroleiros como Argentina, México, Brasil, Equador, Colômbia, entre outros, explicou o FMI.
O organismo publicou seu relatório antes das assembleias da primavera (hemisfério norte, outono no Brasil). Por causa do coronavírus, elas acontecem virtualmente esta semana, pela primeira vez.
mr/dga/aa/fp
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