Topo

Reino Unido se torna segundo país com mais mortes por coronavírus no mundo

05/05/2020 13h41

Londres, 5 Mai 2020 (AFP) - O Reino Unido se tornou o primeiro país da Europa a superar 30.000 mortes provocadas pelo coronavírus e agora ocupa o segundo lugar na lista de nações com mais vítimas fatais no mundo, atrás dos Estados Unidos - apontam números oficiais publicados nesta terça-feira.

Os dados semanais das diversas agências regionais de estatísticas do país somam 32.313 mortes por COVID-19 como suposta causa indicada na certidão de óbito.

E o número atual é provavelmente muito superior, pois estes dados incluem as mortes até 24 de abril na Inglaterra (28.272), Gales (1.376) e Irlanda do Norte (393), e até 26 de abril na Escócia (2.272).

Esse triste registro parecia impensável há dois meses, quando os britânicos registraram sua primeira morte e o primeiro-ministro Boris Johnson disse que continuava cumprimentando todos.

Desde então, o líder conservador ficou gravemente doente e teve que ser hospitalizado, incluindo três dias em terapia intensiva, enquanto o saldo de vítimas aumentava dia a dia.

A contagem do Ministério da Saúde subiu uma semana atrás, quando o governo começou a somar as mortes da COVID-19 em lares e asilos aos seus saldos diários nos centros hospitalares.

Assim, o Reino Unido superou no primeiro lugar a Espanha (25.428 mortes até segunda-feira) e agora a Itália (28.884). Somente os Estados Unidos, que totalizaram 67.682 mortes desde o início da crise, têm saldos piores.

No entanto, cada país conta de maneira diferente e as comparações não são fáceis.

Com 66 milhões de habitantes, o Reino Unido tem 6 milhões a mais de pessoas do que a Itália e quase 20 milhões a mais que a Espanha, que só contava mortes em casas de repouso quando tardiamente começou a realizar testes nesses locais.

"Eles podem não ter feito contagens exaustivas de mortes como estamos fazendo aqui agora", disse doutora Yvonne Doyle, chefe de saúde pública inglesa, na semana passada.

"Não está absolutamente claro se as mortes na Espanha incluem todas as mortes em casas de repouso", disse, reconhecendo que "a obtenção desses dados é muito complexa".

- Resposta lenta e confusa -O governo Johnson, cujo principal consultor científico disse em março que um patamar de 20.000 vítimas seria "um bom resultado", insiste que sempre seguiu o conselho de especialistas.

Sua estratégia, entretanto, foi denunciada como tardia e confusa.

"Sou muito crítico a essa resposta lenta", disse recentemente o ex-conselheiro científico do governo, David King, à BBC.

Alguns também alertaram que os saldos do Ministério da Saúde eram baixos em comparação à realidade.

O novo líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, já havia calculado uma semana atrás 27.241 mortes com base em dados de hospitais e do escritório nacional de estatística ONS. E "provavelmente é um eufemismo", disse ele à Câmara dos Comuns.

- Mudança de estratégia - A estratégia inicial do governo britânico era insistir na importância de lavar as mãos e rastrear os contatos dos primeiros infectados.

Uma combinação intensiva de testes, rastreamentos e quarentenas permitiu que países como a Coreia do Sul contivessem sua taxa de transmissão e seu número de mortos. Mas, depois de um relatório alarmante do Imperial College London de que a imunidade coletiva levaria a 250.000 mortes, Johnson mudou de estratégia.

Ele optou primeiro por um tímido distanciamento social. Mais tarde, intensificou sua resposta, ordenando o fechamento de escolas, restaurantes, academias de ginástica e cinemas. Três dias depois, impôs o confinamento geral.

Promulgada inicialmente por três semanas, essa medida durou até 7 de maio e, embora Johnson deva anunciar seu plano para reativar a economia neste domingo, espera-se que o distanciamento social continue por muito mais tempo.

Sob crescente pressão para encontrar uma estratégia de longo prazo, o país deseja retornar ao rastreamento de contatos.

O ministro da Saúde Matt Hancock conseguiu aumentar o número de exames diários para mais de 120.000, e o ramo digital do serviço público de saúde desenvolveu um aplicativo móvel que começou a ser testado na terça-feira na Ilha de Wight, localizada ao norte do Canal de a mancha.

acc/mb/cc