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Extrema direita alemã se divide e perde força

17/05/2020 13h36

Berlim, 17 Mai 2020 (AFP) - Após registrar um crescimento estrondoso, a extrema direita alemã perde forças por seus ajustes de contas internos entre moderados e apoiadores do movimento neonazista, enquanto sua opositora, Angela Merkel, recupera a popularidade, devido à gestão do coronavírus.

Essa guerra de correntes, que vem ocorrendo nos últimos meses com a definição da direção política do movimento, veio à tona neste fim de semana com a decisão do conselho da Alternativa para a Alemanha (AfD) de excluir um de seus líderes, Andreas Kalbitz.

O motivo oficial é que o responsável na região de Brandemburgo, que rodeia Berlim, escondeu que havia pertencido ao grupo neonazista "Jovens Alemães Fiéis à Pátria", quando se afiliou ao partido.

Essa expulsão foi promovida pela corrente moderada liderada por um dos dois presidentes do partido, Jörg Meuthen, apoiador de uma estratégia de "desdiabolização", com a esperança de tornar a AfD na principal força política da direita do conselho na Alemanha.

"Somos um partido conservador tradicional. Temos que mostrar coesão, mas devemos claramente nos afastar das posições da extrema direita", declarou Meuthen, que é professor de economia, ao canal de televisão ARD.

- "Erro político" -Andreas Kalbitz chamou sua exclusão de "erro político" e prometeu recorrer da decisão.

"Se essa decisão foi motivada pela esperança de ser aceito pelos partidos tradicionais e por nossos rivais políticos, fracassará", alertou.

Sua exclusão provocou a reação da ala mais radical da AfD, reunida em torno de seu porta-voz, Björn Höcke, que representa, segundo as estimativas, cerca de um terço dos adeptos e funciona de vento em popa há vários meses.

O conflito interno se agravou após a decisão das autoridades federais, em março, de colocarem este grupo radical, conhecido como "El Ala", sob vigilância policial. A justificativa é sua proximidade com o movimento neonazista e por representar uma "ameaça" à democracia.

Em nível nacional, a extrema direita está estagnada, ou começa inclusive a declinar. Além do leste do país, no que foi a antiga República Democrática Alemã, mais atrasada economicamente, onde encontrou seu terreno fértil, tem dificuldades para crescer no restante do país.

A pandemia de coronavírus deixou seus temas tradicionais contra a imigração em segundo plano, enquanto a chanceler Angela Merkel vê sua popularidade aumentar a níveis recordes por sua gestão da pandemia de COVID-19.

A AfD busca recuperar o terreno perdido, apoiando os manifestantes contrários às restrições de confinamento estabelecidas para conter a propagação do coronavírus. Milhares de pessoas protestaram neste sábado (16).

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