Topo

Missouri deve realizar primeira execução nos EUA desde o começo da pandemia

19/05/2020 19h47

Washington, 19 Mai 2020 (AFP) - O estado americano do Missouri deve executar um condenado no corredor da morte por injeção letal nesta terça-feira (19), a primeira aplicação de sentença desse tipo nos Estados Unidos após um hiato de dois meses e meio por causa da pandemia do novo coronavírus.

Walter Barton, de 64 anos, foi condenado em 2006 pelo assassinato de Gladys Kuehler em 1991, uma mulher de 81 anos que foi esfaqueada até a morte em Ozark, no Missouri.

Os advogados de Barton entraram com um recurso de última hora por uma suspensão da execução na Suprema Corte, mas o tribunal negou o pedido sem comentar o caso.

Barton, que alega inocência, foi uma das três pessoas que encontraram o corpo de Kuehler no estacionamento para trailers que ela administrava.

A principal evidência contra Barton foram manchas de sangue em suas roupas e o testemunho de um informante da prisão.

Barton deve ser executado às 18H (horário local, 22h de Brasília) em uma prisão em Bonne Terre, Missouri, na que seria a primeira execução em território americano desde 5 de março.

As execuções foram adiadas em Ohio, Texas e Tennessee devido a preocupações com vírus relacionadas a aglomerações.

Uma porta-voz do Departamento Prisional do Missouri disse que todos os que entram na prisão têm a temperatura verificada e que não foram registrados casos da COVID-19 entre funcionários ou detentos na instituição.

Ela acrescentou que há três áreas de observação separadas para testemunhas da execução, que seriam divididas entre as salas para permitir o distanciamento social.

Ativistas contrários à pena de morte proclamaram a inocência de Barton e tentaram interromper sua execução.

"Walter provavelmente é inocente", divulgou no Twitter o grupo Missourians for Alternatives to the Death Penalty.

"A saúde e a segurança das pessoas estarão em risco apenas para fazer um espetáculo", acrescentou.

Ao defender a suspensão da execução, os advogados de Barton mencionaram preocupações sobre as evidências contra ele.

Eles apontaram que seu primeiro julgamento foi anulado, o segundo teve o júri suspenso e as condenações nos dois seguintes foram anuladas.

Barton foi finalmente condenado e sentenciado à morte em um quinto julgamento em 2006.

Michael Wolff, ex-presidente do Supremo Tribunal do Missouri, estava entre os que expressaram dúvidas sobre a culpa de Barton.

Wolff destacou que as evidências de manchas de sangue contra Barton eram "totalmente inconclusivas" e o testemunho do informante da prisão "pressiona a credulidade".

"Antes de que o Missouri prossiga com a execução de Barton, (o governador Mike) Parson deve exercer sua autoridade para convocar uma comissão independente de inquérito para determinar se o judiciário ordenou a execução de um homem inocente", disse Wolff.

chp/cl/tolf/lca