Topo

Retirada de tropas americanas do Afeganistão é acelerada

27/05/2020 15h17

Cabul, 27 Mai 2020 (AFP) - A retirada militar dos Estados Unidos do Afeganistão está bem avançada, disse uma autoridade americana à AFP nesta quarta-feira(27), depois que o presidente Donald Trump exigiu mais uma vez o retorno das tropas ao país.

A quarta-feira foi calma no Afeganistão, com apenas um grande incidente, um dia após o fim do cessar-fogo de três dias decretado pelo Talibã, que ainda não havia anunciado uma prorrogação.

"A retirada foi acelerada como parte das precauções contra a COVID-19", disse um funcionário do Departamento de Defesa dos EUA à AFP.

Os Estados Unidos prometeram reduzir sua força militar de 12.000 para 8.600 em meados de julho, em um acordo assinado com o Talibã em 29 de fevereiro em Doha.

Segundo o texto, todas as tropas estrangeiras devem ter deixado o Afeganistão até a primavera de 2021, em troca de garantias de segurança contra insurgentes.

Atualmente, porém, restam apenas 7.500 soldados no país, disse a principal autoridade dos EUA.

Donald Trump declarou aos jornalistas na terça-feira que "cerca de 7.000 soldados dos EUA" continuavam "no momento" no Afeganistão, onde os Estados Unidos estão presentes há mais de 18 anos, na guerra mais longa de sua história.

Na quarta-feira, Trump, que insiste em repatriar todas as tropas americanas no Afeganistão o mais rápido possível, disse que seu exército não deve atuar como uma "força policial" naquele país.

"Depois de 19 anos, é hora de eles serem policiais em seu próprio país", tuitou Trump.

"Tragam nossos soldados para casa, mas observem o que está acontecendo e ataquem, se necessário, como nunca antes!",acrescentou, provavelmente se dirigindo ao Pentágono.

O porta-voz do Pentágono, o tenente-coronel Thomas Campbell, disse em comunicado que os Estados Unidos respeitam o acordo com o Talibã. Retiradas adicionais serão feitas "depois que o governo dos EUA avaliar o ambiente de segurança e o respeito do Talibã ao acordo de Doha", acrescentou.

- "Bom progresso" -Após quase quatro dias de trégua, o exército afegão lançou operações aéreas e terrestres contra talibãs que atacaram um comboio de logística na província de Zabul (sul), disse o porta-voz da polícia local Lal Mohamad Amiri.

Cerca de 18 insurgentes foram mortos e três crianças ficaram feridas, acrescentou.

Autoridades afegãs libertaram 900 prisioneiros talibãs na terça-feira, na sequência de outras 100 libertações no dia anterior, esperando que esse gesto levasse a um prolongamento do cessar-fogo, mas os insurgentes ainda não se posicionaram oficialmente.

"A libertação de 900 prisioneiros é um bom progresso", disse Suhail Shaheen, porta-voz do Talibã, na terça-feira, acrescentando que libertariam "um número significativo de prisioneiros em breve".

Os rebeldes surpreenderam no sábado ao decretar uma trégua unilateral para que seus concidadãos "pudessem celebrar em paz e tranquilidade" o Aid el Fitr, que marca o fim do Ramadã, mês de jejum sagrado muçulmano.

O presidente afegão Ashraf Ghani aceitou imediatamente a oferta e no domingo decidiu libertar "até 2.000 prisioneiros do Talibã em um gesto de boa vontade", segundo seu porta-voz Sediq Sediqqi.

Essas libertações - até 5.000 talibãs e 1.000 membros das forças afegãs - estão previstas no acordo de Doha, que não foi ratificado por Cabul.

A troca de detidos foi adiada. Antes da trégua, Cabul havia libertado cerca de 1.000 prisioneiros e os insurgentes, cerca de 300. O cessar-fogo, o primeiro por iniciativa do Talibã desde que uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos os expulsou do poder em 2001, foi respeitado, apesar de algumas violações.

Esta é a segunda interrupção dos combates no Afeganistão desde 2001. A primeira, por iniciativa do Presidente Ghani, durou três dias em junho de 2018, também motivado pelo Aid el Fitr.

O Talibã também observou uma trégua parcial de nove dias, entre 22 de fevereiro e 2 de março de 2020, durante a assinatura do acordo de Doha.

bur-jf/avz/age/pc/jc