Topo

Cuba acusa Colômbia de abrir caminho para sanções dos EUA à ilha

01/06/2020 08h36

Havana, 1 Jun 2020 (AFP) - Cuba acusou a Colômbia, nesta segunda-feira (1o), de facilitar o caminho para os Estados Unidos incluírem a ilha na lista de países que "não cooperam totalmente" na luta contra o terrorismo, por abrigar uma delegação de negociadores da guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) em Havana.

A conduta da Colômbia "serviu e facilitou os argumentos pelos propósitos agressivos dos Estados Unidos contra a nossa nação, e isso deu seu apoio às infâmias americanas", afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Cuba, em um comunicado.

Em 13 de maio, o governo de Donald Trump sancionou a ilha por se recusar a entregar uma delegação do ELN que chegou a Havana em maio de 2018 para continuar as negociações de paz iniciadas dois anos antes, durante o governo de Juan Manuel Santos.

As negociações foram paralisadas com a chegada de Iván Duque ao poder, em agosto de 2018, e terminaram em janeiro de 2019, após um atentado do ELN contra uma academia de polícia. O episódio deixou pelo menos 20 mortos. Desde então, Colômbia pede a Cuba que entregue os negociadores.

A ilha condenou o ataque, mas alegou que, como sede e mediadora, deve cumprir os protocolos que permitem "o retorno seguro da delegação da guerrilha, em caso de rompimento do diálogo".

Cuba já havia rejeitado sua inclusão nessa lista, na qual se encontra ao lado de Irã, Síria, Coreia do Norte e Venezuela.

Havana também criticou as reivindicações do alto comissário para a Paz do governo colombiano, Miguel Ceballos, que considerou a decisão dos EUA um "apoio" aos seus pedidos.

"A presença de representantes do ELN em nosso território, onde repousa a acusação americana, nada mais é do que um pretexto frágil e desonesto, sem sentido e facilitado pela atitude ingrata do governo da Colômbia", afirmou Cuba.

Havana condenou "qualquer manifestação de manipulação e oportunismo político ao lidar com uma questão tão sensível".

Cuba lembrou ainda que, há um mês, sua embaixada em Washington recebeu mais de 30 tiros de um homem, que estaria ligado a grupos "que incitam a violência" contra a ilha. As autoridades cubanas classificaram o ato como uma "agressão terrorista".

Após a reaproximação histórica com o governo Barack Obama, o presidente Trump seguiu em outra direção, aumentando as sanções econômicas e comerciais contra Cuba. Washington acusa Havana de apoiar militarmente o governo Nicolás Maduro na Venezuela, assim como de oprimir seus cidadãos - o que a Ilha rejeita.

mav/cb/rsr/tt