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Arábia Saudita quer arrecadar US$ 2,3 bilhões para o Iêmen

02/06/2020 06h20

Riad, Arábia Saudita, 2 Jun 2020 (AFP) - A Arábia Saudita pretende obter 2,3 bilhões de dólares de ajuda para o Iêmen, país devastado por seis anos de guerra, conflito com a participação do reino saudita, e que enfrenta uma catástrofe humanitária pelo coronavírus.

A conferência de doadores, que Riad organiza com a ONU, coincide com as advertências das organizações humanitárias de que a rápida propagação do coronavírus poderia agravar ainda mais a terrível crise humanitária no país.

"São necessários 2,3 bilhões de dólares para cobrir as necessidades urgentes no Iêmen em vários setores humanitários, como assistência de saúde, alimentar e habitação", afirmou o governo saudita em um comunicado.

A Grã-Bretanha, importante fornecedor de armas à Arábia Saudita, ofereceu um novo pacote de ajuda para o Iêmen de 160 milhões de libras (200 milhões de dólares).

O secretário-geral da ONU, António Guterres, o ministro das Relações Exteriores saudita, Faisal bin Farhan, e Mark Lowcock, subsecretário das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, devem participar na videoconferência.

Lowcock, afirmou que o Iêmen precisa de 2,4 bilhões de dólares até o fim do ano, incluindo 180 milhões para combater a pandemia de COVID-19.

A Arábia Saudita, que lidera uma intervenção militar contra os rebeldes huthis apoiados pelo Irã, é a maior doadora do Iêmen.

Mas a coalizão liderada pelos sauditas é acusada pela morte de dezenas de milhares de civis em bombardeios aéreos.

Um porta-voz dos rebeldes chamou a conferência de "tentativa estúpida de acobertar seus crimes", informou o canal de TV huthi Al-Masirah.

Agências da ONU, incluindo o Unicef, o Programa Mundial de Alimentos e a Organização Mundial da Saúde, afirmaram que a necessidade ajuda é urgente para o Iêmen.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que o país caminha para uma "catástrofe" pela pandemia.

A ONU afirmou que a COVID-19 se propagou pela maior parte do país, apesar de o governo iemenita ter anunciado pouco mais de 100 casos apenas.

O conflito entre as forças do governo iemenita e os huthis explodiu em março de 2015, quando a coalizão internacional liderada pelos sauditas começou a atuar contra os rebeldes.

A guerra deixou dezenas de milhares de mortos, a maioria civis. A ONU, que considera a situação a pior catástrofe humanitária no planeta, considera que 24 milhões de iemenitas, mais de dois terços da população, dependem de ajuda para sobreviver.

Os combates prosseguem, apesar dos apelos da ONU por um cessar-fogo como parte dos esforços para combater o coronavírus.

Para complicar ainda mais as coisas, os separatistas do sul declararam a independência da região em 26 de abril.