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Cientista iraniano liberado pelos EUA está em Teerã

03/06/2020 09h47

Teerã, 3 Jun 2020 (AFP) - Solto depois de permanecer vários anos detido nos Estados Unidos, o cientista iraniano Cyrous Asgari retornou ao país - informou na imprensa de Teerã nesta quarta-feira (3).

A informação foi divulgada pelas agências Tasnim, Isna e Mehr, que publicaram em suas contas no Telegram a mesma foto de Asghari, com uma máscara de proteção, devido à pandemia do novo coronavírus, e junto com uma mulher de véu.

Asgari foi acusado em 2016 de roubo de segredos industriais durante uma visita acadêmica a Ohio e foi absolvido em novembro de 2019. Apesar da absolvição, permanecia detido nos Estados Unidos, provavelmente por motivos relacionados às leis de imigração.

Em março passado, o cientista iraniano afirmou ao jornal britânico "The Guardian" que a polícia de imigração americana o mantinha em um centro de detenção de Louisiana sem instalações sanitárias e se recusava a autorizar seu retorno ao Irã, mesmo após a absolvição.

Asgari, 59 anos, pesquisador da Universidade Tecnológica Sharif em Teerã, parece ter sido liberado fora do âmbito de uma troca de prisioneiros, algo pouco frequente entre os dois países. EUA e Irã não têm relações diplomáticas desde 1980.

O Irã mantém cinco americanos detidos, enquanto cerca de 20 iranianos estariam em prisões dos Estados Unidos. Recentemente, Teerã pediu uma troca global de prisioneiros com os EUA.

O Departamento de Estado americano não reagiu à libertação de Asgari. Em um tuíte na terça-feira, porém, Ken Cuccinelli, do Departamento de Segurança Interna, garantiu que o caso do pesquisador iraniano não está relacionado com o de Michael White.

Um ex-militar americano detido no Irã, White foi solto em março, por "razões médicas", com a condição de não deixar o país.

Segundo Cuccinelli, os Estados Unidos tentam expulsar Asgari desde 2019, mas "foram atrasados em todas as etapas pelo governo iraniano". Ele acrescentou que outros dez iranianos estão detidos pela polícia de imigração, à espera de serem expulsos dos Estados Unidos.

- Escalada das tensões bilateraisEm 2018, o presidente Donald Trump abandonou o acordo internacional firmado em 2015 sobre o programa nuclear iraniano e restabeleceu duras sanções contra o país. Desde então, vários iranianos foram detidos nos Estados Unidos.

As tensões entre os dois países continuam a aumentar e, recentemente, alguns episódios levaram ambos à beira do conflito.

O primeiro deles foi 2019, quando o Irã destruiu um avião não tripulado dos EUA e, o outro, em janeiro de 2020, após o assassinato por um ataque americano em Bagdá do general iraniano Qassem Soleimani.

Apesar disso, houve trocas de prisioneiros. A Suíça, que representa os interesses dos Estados Unidos no Irã, esteve à frente da última troca, em dezembro de 2019. O pesquisador sino-americano Xiyue Wang, há mais de três anos presos, e Massud Soleimani, um professor iraniano de células-tronco detido nos Estados Unidos desde 2018, foram libertados.

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