Topo

"Máfia" da Fifa é retratada em nova série da Amazon

04/06/2020 18h06

Los Angeles, 4 Jun 2020 (AFP) - No momento em que o futebol volta após a pandemia, muitos torcedores tiveram que se consolar com jogos antigos, assistir sessões de treinos ou algum jogo sem a presença da torcida.

Mas a novidade é uma série de televisão. A Amazon estreia "El Presidente" na sexta-feira, uma série sobre o escândalo que ficou conhecido como "Fifagate" de 2015, que pode fazer os torcedores se perguntarem se o esporte mais popular do mundo deveria realmente voltar depois de tudo o que aconteceu.

"É uma loucura o que está acontecendo, não é?", disse à AFP Armando Bo, criador do programa. "Não é apenas a Fifa... o escândalo de corrupção foi tão grande que o FBI quis fazer seu papel de mocinho. Todo mundo queria fazer parte disso, muitas mãos nesse negócio gigantesco".

O pagamento de suborno e comissão de US$ 150 milhões abalou o mundo do futebol em 2015, levando à prisão de dezenas de executivos do futebol, muitos deles latino-americanos, assim como à queda do presidente da Fifa, Joseph Blatter.

"El Presidente" conta a história através dos olhos de Sergio Jadue como um jovem chileno que, sem esperar por ele, passou da liderança do humilde clube La Calera à presidência da Associação Nacional de Futebol Profissional (ANFP) e vice-presidência da Conmebol.

- Uma "máfia mais difícil" -Jadue, interpretado pelo colombiano Andrés Parra ("Pablo Escobar, o Senhor do Tráfico", "El Comandante"), é um personagem ingênuo, mas ambicioso, ao mesmo tempo, que acaba envolvido em uma rede internacional de suborno, fraude e até violência, que lembra o bem sucedido drama da Netflix, "Narcos".

"Acho que é diferente, o futebol das drogas... para mim o grande desafio foi que não havia tanto sangue", disse Bo, que ganhou um Oscar por co-escrever o premiado "Birdman" de 2014.

"Esse tipo de máfia é mais difícil. Em 'Narcos' você pode matar todo mundo e é isso, é real. Aqui, as pessoas não morreram... não muitos".

A Amazon espera que "El Presidente" - coproduzido pela Gaumont, a mesma empresa francesa por trás de "Narcos" - atraia a mesma atenção global dessa série.

Indo de país a país e seguindo um agente secreto dos Estados Unidos que localizou Jadue e seus co-conspiradores, a série é "realmente local, mas também muito significativa em todos os países", disse Bo.

"E é uma era em que as legendas (em inglês) são permitidas, certo?", acrescentou o argentino, que fez a série quase toda em espanhol.

"Estamos vendo conteúdo internacional nos mercados dos EUA, depois de 'Narcos', 'Parasita', até 'Roma'", continuou ele. "Estamos vendo que as histórias precisam ser contadas no idioma em que são mais naturais, mais reais, mais verossímil".

- "Copa dos negócios" -Bo, um fanático por futebol e que ama Lionel Messi, admite que pode ser doloroso ver nos bastidores a corrupção desenfreada e a ambição no mundo do esporte mais popular do planeta.

O personagem do presidente da Associação Argentina de Futebol (AFA), Julio Grondona (Luis Margani), revela o grande contraste entre a paixão não adulterada dos torcedores pela "Copa do Mundo que as pessoas assistem" e a verdadeira "Copa dos negócios", um caixa eletrônico inigualável para quem mexe os pauzinhos.

A Copa do Mundo de 2014 no Brasil e a histórica vitória do Chile na Copa América em seu próprio país no ano seguinte estão em segundo plano nesta história de acordos sujos de direitos televisivos.

Mas no momento em que o mundo está confinado, o sucesso de programas como o documentário de Michael Jordan, "The Last Dance", demonstra o grande apetite pelas histórias por trás de famosos dramas esportivos do passado, disse Bo.

"Estamos experimentando tantas coisas que precisamos questionar a nós mesmos como sociedade", disse ele. "Mas sou um grande fã de esportes e, quando eles voltarem, eu estarei lá assistindo, com certeza".

amz/jt/rsr/aam

AMAZON.COM

NETFLIX

GAUMONT