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Teerã permite retorno de americano após libertação de iraniano pelos EUA

04/06/2020 16h08

Washington, 4 Jun 2020 (AFP) - O Irã permitiu a saída do país do militar reformado americano Michael White, que retornava aos Estados Unidos nesta quinta-feira, após a chegada a Teerã de um cientista iraniano libertado por Washington.

"Fico feliz em anunciar que o veterano da Marinha Michael White, preso por 683 dias no Irã, encontra-se em um avião suíço que acaba de deixar o espaço aéreo iraniano", tuitou o presidente americano, Donald Trump. "Esperamos que, muito em breve, ele esteja em casa com sua família nos Estados Unidos", acrescentou o presidente, que agradeceu à Suíça por sua "ajuda formidável".

Pouco antes, a mãe do militar reformado, Joanne White, havia anunciado em comunicado o retorno do filho aos Estados Unidos: "Vivi um pesadelo, mas estou feliz em anunciar que o mesmo acabou e que meu filho está a salvo e a caminho de casa."

O ex-embaixador e ex-governador do Novo México Bill Richardson, que tem experiência em lidar com casos de alto perfil de americanos presos no exterior, informou em comunicado que havia se reunido com funcionários iranianos, incluindo o chanceler, Mohamad Zarif, para conseguir a libertação de White.

- O papel da Suíça -O governo Trump, que aplica uma política de "pressão máxima" contra o Irã, que inclui fortes sanções econômicas, não disse se houve uma troca de prisioneiros.

O subsecretário de Segurança Nacional, Ken Cuccinelli, disse no Twitter que a liberação do cientista iraniano "Cyrus Asgari não fez parte de um acordo em troca de Michael White", e acrescentou que estavam pretendendo soltá-lo em dezembro.

Ainda que não se trata de um acordo de troca, o anúncio acontece um dia depois do retorno a seu país de Asgari, preso durante uma visita acadêmica em 2016, acusado de roubar segredos comerciais, e exonerado mais tarde por uma corte americana.

Em seu comunicado, Joanne White deu poucos detalhes sobre o retorno do filho, mas agradeceu tanto a Bill Richardson quanto aos governos de Estados Unidos e Suíça.

Michael White, que serviu por 13 anos na Marinha americana, foi preso em julho de 2018, na cidade de Mashhad, após visitar uma mulher que conheceu pela internet. No ano seguinte, foi condenado a 10 anos de prisão, sob a acusação de ter insultado o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, e de ter feito comentários contra o regime nas redes sociais, usando um pseudônimo.

Em março, durante a pandemia do novo coronavírus, White foi colocado sob custódia da Suíça, que administra os interesses de Washington em Teerã devido à ausência de relações diplomáticas entre os dois países. Mas White não foi autorizado a deixar o Irã.

A Suíça protagonizou a troca mais recente de prisioneiros, em dezembro, quando o americano Xiyue Wang foi libertado pelo Irã e o iraniano Massud Soleimani, pelos Estados Unidos. Vários iraniano-americanos, como o empresário Siamak Namazi, seu pai, Bagher, e o ambientalista Morad Tahbaz permanecem presos no Irã e os Estados Unidos exigem a sua libertação.

A tensão na relação entre Estados Unidos e Irã aumentou desde que Trump abandonou, em 2018, o acordo nuclear internacional assinado entre grandes potências e Teerã. O presidente americano diz querer negociar um novo acordo, mas várias mediações, empreendidas especialmente pela França, fracassaram.

A libertação de presos costuma ser vista como uma forma de acalmar a tensão, que atingiu o ápice em janeiro, após o assassinato pelos Estados Unidos do poderoso general iraniano Qassem Soleimani durante um ataque em Bagdá.

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