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Rússia afirma que controlou vazamento de combustível no Ártico

05/06/2020 12h41

Moscou, 5 Jun 2020 (AFP) - O governo russo declarou nesta sexta-feira (5) que conseguiu controlar o derramamento de 20.000 toneladas de hidrocarbonetos de uma usina termelétrica que atingiu um rio do Ártico.

"O avanço dos hidrocarbonetos foi interrompido. Eles não estão mais indo a lugar algum", graças à implantação de estruturas flutuantes, disse à AFP um representante do Ministério de Situações de Emergência da Rússia na região de Krasnoyarsk, acrescentando que o bombeamento de combustível já havia começado.

"Esforços estão sendo feitos para eliminar a contaminação", continuou esta fonte, que não foi capaz de dizer se a progressão do combustível parou no rio Ambarnaia, ou no lago Piassino, o que seria muito mais sério, pois suas águas fluem para o rio homônimo, muito importante para a região.

Em 29 de maio, um dos reservatórios de diesel da usina termelétrica NTEK, uma subsidiária da gigante de mineração Norilsk Nickel, localizada perto da cidade ártica de Norilsk, rompeu na semana passada, causando o vazamento de mais de 20.000 toneladas de hidrocarbonetos.

As equipes de socorro estão trabalhando para tentar limitar os danos, em um contexto complicado pelas dificuldades de acesso ao local e pela profundidade rasa do rio, que impede operações de barco.

Essa contaminação é considerada pelas organizações ambientais como o pior acidente ecológico na região.

A organização ambientalista Greenpeace Rússia afirmou que o acidente "é o primeiro dessa escala no Ártico" e o comparou ao naufrágio do Exxon Valdez, no Alasca, em 1989.

O presidente Vladimir Putin declarou estado de emergência na quarta-feira e criticou publicamente os líderes locais, incluindo o presidente da afiliada da Norilsk Nickel, que demorou a reagir à crise.

De acordo com a Norilsk Nickel, o reservatório foi danificado quando os pilares de gelo perenes que o sustentavam "por 30 anos" começaram a afundar, um acidente que poderia ser atribuído ao derretimento do permafrost, devido às mudanças climáticas.

Esse fenômeno já enfraqueceu inúmeras estruturas no Grande Norte russo, e o governo já o identificou como um dos desafios enfrentados por seu tecido no Ártico.

Nesta sexta-feira, a Rússia ordenou a revisão de suas infraestruturas mais frágeis, construídas sobre o permafrost.

O rio Ambarnaïa se une ao lago Piassino, na origem de um rio com o mesmo nome, fundamental para a península de Taimyr, uma região estratégica onde a Rússia extrai metais preciosos, carvão e hidrocarbonetos.

Três investigações criminais foram abertas. Segundo o Ministério Público, 180.000 metros quadrados de terra também foram poluídos antes que o petróleo chegasse ao rio.

Nesta sexta-feira, o ministro de Situações de Emergência visitou o local para acompanhar o desenvolvimento das operações de socorro.

Em um comunicado, o ministério disse que, até o momento, "200 toneladas de gasolina, óleo e lubrificantes foram coletadas".

A poluição é visível até do espaço. As agências espaciais europeia (ESA) e russa (Roskosmos) publicaram imagens de satélite do acidente. Nas da ESA, datadas de 1º de junho, vários machas vermelhas nos afluentes do rio são vistas por mais de dois quilômetros.

Durante uma videoconferência parcialmente dedicada à catástrofe, Putin conversou com o ministro das Situações de Emergência e o chefe da Norilsk Nickel, que foi repreendido pelo presidente.

"Se vocês tivessem mudado a tempo (o reservatório), não haveria danos", repreendeu Putin, ordenando uma "análise aprofundada das instalações semelhantes em todo o país".

Ele também exigiu que "tudo o que for possível seja feito para restaurar o meio ambiente e a diversidade" na área contaminada.

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