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Primeiro avanço médico contra COVID-19 gera esperança; novo surto preocupa China

16/06/2020 22h11

Pequim, 17 Jun 2020 (AFP) - Pesquisadores britânicos anunciaram nesta terça-feira (16) "um avanço" no tratamento de pacientes de COVID-19, enquanto a China enfrenta um surto em Pequim.

A situação epidêmica na capital chinesa é "extremamente grave", afirmaram as autoridades municipais, que informaram 27 novos contágios que se somam a outros 100 detectados nos últimos dias.

A pandemia segue se propagando na América Latina e a Europa retorna com prudência a uma relativa normalidade.

O novo coronavírus matou mais de 440.000 pessoas no mundo e infectou cerca de 8.145.000 desde que surgiu em dezembro.

Os responsáveis pelo ensaio clínico britânico Recovery descobriram que um medicamento da família dos esteroides, a dexametasona, reduziu em um terço a mortalidade de pacientes gravemente afetados pela COVID-19.

Após o anúncio, o governo do Reino Unido indicou que começará imediatamente a fornecer este esteroide.

"A dexametasona é a primeira droga a mostrar uma melhora na sobrevida", disseram os responsáveis pelo ensaio.

É um esteroide frequentemente prescrito para tratar reações alérgicas, asma e artrite reumatoide devido ao seu poderoso efeito anti-inflamatório.

"A dexametasona é barata, já está no mercado e pode ser usada imediatamente para salvar vidas", disse um dos responsáveis pelo Recovery, Dr. Peter Horby, da Universidade de Oxford.

Por sua parte, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, comemorou um "avanço científico que salva vidas"

- Surto em Pequim -A China, que havia controlado amplamente a epidemia, teme uma nova onda de contágios. Nos últimos cinco dias, houve mais de 100 pessoas infectadas em Pequim.

A situação da epidemia na capital chinesa é "extremamente grave", alertaram as autoridades.

Para conter o surto na capital de 21 milhões de habitantes, a prefeitura pediu aos cidadãos nesta terça-feira que evitem viagens "não essenciais" e aqueles que vivem em áreas de "alto ou médio risco" de infecção foram totalmente proibidos de sair da cidade.

Eles também anunciaram o fechamento de todas as escolas, faculdades e universidades, a maioria já reaberta.

A Organização Mundial da Saúde observa a China com cuidado e falou em enviar especialistas diante do temor de uma segunda onda epidêmica.

- "Pandemia da fome" -Enquanto isso, a doença avança em outras regiões densamente povoadas.

A Índia superou a marca das 330.000 pessoas infectadas, e as autoridades estão se preparando para a estação das monções, que causa surtos de outras doenças como dengue ou malária todos os anos.

A América Latina, onde a epidemia avança com força, registra 82.890 mortes e mais de 1,7 milhão de contágios. O Brasil é o país mais afetado da região, com 45.241 falecidos e 923.189 diagnósticos confirmados.

No Peru, com 7.000 vítimas fatais, o novo coronavírus provocou uma queda histórica de 40,49% em ritmo anual do PIB em abril, anunciou o governo.

"Nossas projeções mostram um quadro sombrio. Precisamos agir rapidamente para impedir que essa crise se transforme em uma pandemia de fome", disse Miguel Barreto, diretor regional do Programa Mundial de Alimentos para a América Latina e o Caribe.

O Chile, com mais de 3.300 óbitos e 215.000 infecções, já é um dos focos mundiais da pandemia, com o maior número de infecções e falecimentos por milhão de habitantes no mundo.

Neste contexto, o governo chileno prorrogou o "estado de exceção constitucional para catástrofes" por três meses para tentar conter a epidemia, enquanto o Equador prolongou o estado de emergência por 60 dias, até 13 de agosto.

Os Estados Unidos, o país com mais perdas de vidas por COVID-19 do mundo, com 116.854 falecidos e 2.134.973 milhões de contágios, decidiram prorrogar o fechamento de suas fronteiras com o Canadá e o México até 21 de julho, estendendo as restrições de viagem pela terceira vez devido à pandemia.

- Reabertura do turismo -Na Europa, países como Alemanha, França, Bélgica e Grécia suspenderam na segunda-feira as restrições de circulação para viajantes dentro da União Europeia por considerar que a pandemia está sob controle.

A Grécia, cuja economia é amplamente baseada no turismo, já convida viajantes de regiões fora da União Europeia a visitarem suas ilhas.

A Espanha espera até 21 de junho para abrir suas fronteiras com os países da UE, exceto Portugal. Mas desde segunda-feira, recebe os primeiros turistas alemães em meses na ilha das Baleares, em um projeto piloto.

A Arábia Saudita se encontra diante de uma decisão crucial a algumas semanas da grande peregrinação a Meca planejada para o final de julho: limitar o número de peregrinos ou cancelar o hajj. Devido à superlotação, o evento pode se tornar um enorme vetor de contágios.

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