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UE alerta China contra aplicação da lei de segurança em Hong Kong

22/06/2020 16h46

Bruxelas, 22 Jun 2020 (AFP) - Os líderes das instituições da União Europeia (UE) expressaram aos líderes chineses nesta segunda-feira (22) "grande preocupação" com seus planos de aplicar uma nova lei de segurança em Hong Kong, durante uma videoconferência na qual discutiram suas diferenças sobre investimentos.

"Expressamos nossa grande preocupação com a proposta de lei de segurança nacional para Hong Kong", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, pedindo a Pequim que honre seus compromissos com "o alto grau de autonomia e liberdades garantidas em Hong Kong".

Para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a aplicação desta lei em Hong Kong, cujo "sucesso" econômico depende de sua autonomia, pode ter "consequências muito negativas.

Von der Leyen e Michel expressaram sua opinião ao primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e ao presidente, Xi Jinping, na cúpula precedida por avisos de Washington aos europeus, em plena tensão diplomática e comercial com Pequim.

"O partido comunista chinês quer nos obrigar a escolher" entre os Estados Unidos e a China, disse o chefe da diplomacia dos EUA, Mike Pompeo. Seu colega da UE, Josep Borrell, pediu na semana passada um diálogo especial com Washington sobre Pequim.

Os europeus, que veem o gigante asiático como um "adversário sistemático", se recusam a ser "o campo de batalha" entre Pequim e Washington, nas palavras do comissário da indústria Thierry Breton, já que a China é um importante parceiro comercial.

"É essencial manter um diálogo com a China para defender nossos valores, mas também temos pontos de desacordo em questões importantes", afirmou Michel. "Tudo isso mostra que nosso relacionamento não é fácil", acrescentou Von der Leyen.

Além da defesa do princípio "Um país, dois sistemas" em Hong Kong, a situação dos direitos humanos é outra área da qual a UE busca se distanciar e expor suas diferenças na organização política com a China.

Na semana passada, a UE exigiu a libertação de vários defensores dos direitos humanos e também denunciou as campanhas de desinformação organizadas pela China sobre a pandemia de COVID-19.

- Transparência ou defesa -Apesar de suas opiniões divergentes, ambos negociam um acordo de investimentos que permite às empresas da UE acessar a China de forma recíproca, protegendo-as do apetite das empresas subsidiadas chinesas.

A chefe da Comissão exigiu "mais ambição" das autoridades chinesas para chegar a um acordo "até o final do ano", solicitando compromissos sobre "transparência" em ajudas públicas e "transferências forçadas de tecnologia".

"Caso contrário, estamos determinados a jogar outra carta: defender nossos interesses", alertou uma autoridade europeia, dias depois de Bruxelas divulgar seus planos de impedir a compra de empresas europeias por grupos estrangeiros subsidiados.

Segundo a CCTV, televisão estatal chinesa, Li expressou aos europeus sua disposição em criar um "ambiente de comércio internacional baseado em leis ... para empresas internacionais" e esperava que a UE "também mantivesse sua abertura".

O presidente Xi, citado pela agência de notícias Xinhua, disse por sua vez que Pequim está comprometida em manter uma estreita comunicação com os europeus para impulsionar uma série de agendas políticas importantes e levar as relações a um novo nível.

A futura cúpula entre os líderes dos 27 países europeus e a China pode ser realizada sob esse novo impulso. Planejada para setembro em Leipzig, na Alemanha, foi adiada pelo coronavírus, dando a ambas as partes mais tempo para negociar o pacto de investimentos.

Em um evento organizado pela organização 'think tank' German Marshal Fund, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse esperar que, no outono boreal, os "acordos de cooperação" da UE e da China possam ser aprovados pelos próximos cinco anos.

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