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Trump nega ter sido informado sobre recompensas russas a talibãs

28/06/2020 21h09

Washington, 29 Jun 2020 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou neste domingo (28) ter recebido informações de Inteligência de que a Rússia ofereceu recompensas aos militantes dos talibãs para matarem soldados americanos no Afeganistão.

"Provavelmente outro ataque falso do [jornal The New York] Times, como sua mentira fracassada sobre a Rússia", tuitou Trump.

"Ninguém me informou, nem o vice-presidente [Mike] Pence, nem o chefe do Estado-Maior, Mark Meadows, sobre os supostos ataques de russos às nossas tropas no Afeganistão, como relatado através de uma 'fonte anônima' do jornal de notícias falsas New York Times", insistiu.

"Todo mundo está negando e não houve muitos ataques contra nós", afirmou. "Ninguém foi mais duro contra a Rússia do que o governo Trump", garantiu o presidente republicano.

Citando funcionários de alto escalão não identificados, o jornal "The New York Times" publicou na última sexta-feira que uma unidade de Inteligência militar russa distribuiu dinheiro, em segredo, a combatentes islâmicos, ou a criminosos armados ligados aos talibãs, para matarem soldados dos Estados Unidos, ou da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), estacionados no Afeganistão.

Ainda segundo o "NYT", Trump foi informado da iniciativa, abordada por seus conselheiros de Segurança Nacional no final de março.

Ontem, a Casa Branca já havia negado que o presidente Trump tenha recebido esses informes de Inteligência. De acordo com a secretária de imprensa, Kayleigh McEnany, "nem o presidente, nem o vice-presidente foram informados das supostas recompensas russas", noticiadas pelo "New York Times".

"Isto não fala do mérito dos supostos informes de Inteligência, mas da inexatidão da história do 'The New York Times', que sugere, erroneamente, que o presidente Trump foi informado desse assunto", acrescentou a porta-voz.

A informação surge no momento em que Trump tenta retirar as tropas americanas do Afeganistão.

- Reações -Alguns republicanos pediram esclarecimentos à Casa Branca após as acusações, como a legisladora Liz Cheney, que se perguntou em sua conta no Twitter: "Quem sabia e quando? ... O que tem sido feito em resposta para proteger nossas forças e responsabilizar Putin?".

Já John Bolton, ex-assessor de segurança nacional de Trump, que agora lançou um livro revelador muito crítico sobre o presidente, disse que é real que a Rússia estava pagando para que matassem membros das forças americanas. "Este é um assunto muito, muito sério", reagiu.

Em declarações à emissora NBC, Bolton declarou: "para mim, parece um dia mais no gabinete da Casa Branca de Trump".

A presidente democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, acusou Trump de tentar "ignorar qualquer acusação contra a Rússia".

"Isto é totalmente revoltante. Pensaríamos que neste momento em que o presidente soubesse, ia querer saber mais ao invés de negar que sabia de algo", disse à rede de TV ABC.

- Talibãs e russos também negamNo sábado (27), os talibãs também negaram as informação do jornal americano e reiteraram seu compromisso com o acordo firmado em 29 de fevereiro passado com Washington. Nele, está prevista a retirada gradual e total das forças americanas, assim como negociações de paz entre os insurgentes e o governo de Cabul.

"Os 19 anos de luta do Emirado Islâmico não têm dívidas com qualquer agência de Inteligência, ou país estrangeiro", disseram os talibãs no comunicado divulgado ontem.

O grupo também rejeitou outras alegações de Washington, segundo as quais os talibãs teriam recebido armas do governo russo. Mais cedo, ontem, a Rússia também negou as informações divulgadas pelo NYT.

"Essas alegações infundadas e anônimas de que Moscou está por trás da morte de soldados americanos no Afeganistão já levaram a ameaças diretas à vida de funcionários de embaixadas russas em Washington e Londres", criticou a embaixada russa nos Estados Unidos, via Twitter.

Em outra mensagem, a missão diplomática pediu ao jornal que "pare de fabricar informações falsas" e pediu às autoridades americanas "que tomem medidas efetivas" para garantir a segurança de seus funcionários.

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