Boris Johnson se inspira em Roosevelt para estimular a economia
Londres, 29 Jun 2020 (AFP) - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou nesta segunda-feira que deseja se inspirar no presidente americano Franklin D. Roosevelt, que nos anos 1930 criou o "new deal", para reativar a economia do Reino Unido, duramente afetada pela pandemia do novo coronavírus.
"Acredito que é hora de um enfoque 'rooseveltiano' no Reino Unido", declarou Johnson à Times Radio, em referência à política de recuperação pela demanda e a intervenção estatal aplicada pelos Estados Unidos para sair da Grande Depressão.
O líder conservador deve pronunciar um discurso na terça-feira para anunciar um programa de grandes investimentos nas infraestruturas do país.
Durante a campanha eleitoral no fim de 2019, Johnson se comprometeu a injetar milhões de libras nos serviços públicos.
"O que vamos fazer nos próximos meses é duplicar nosso programa original que se concentrou em investimentos em infraestrutura, educação, tecnologia, para unir o país", disse.
O programa inclui um plano de reconstrução de escolas de um bilhão de libras (1,23 bilhão de dólares). Começará no período 2020/21 e incluirá inicialmente 50 projetos.
Johnson prometeu que após a crise o país não retornará às políticas de austeridade impostas há 10 anos, quando o também conservador David Cameron estava no poder.
O confinamento contra o coronavírus provocou uma queda de 20,4% do Produto Interno Bruto (PIB) britânico em abril, um recorde histórico.
Sem a ajuda do governo, o desemprego poderia alcançar níveis que não eram registrados desde os anos 1980 e superar o pico de 3,3 milhões de pessoas sem trabalho de 1984, informou no domingo o jornal The Observer, ao citar uma análise da Biblioteca da Câmara dos Comuns.
"Todos entendem que quando sairmos desta situação teremos tempos difíceis, mas o Reino Unido é uma economia incrivelmente dinâmica e resistente e vamos seguir adiante muito, muito bem", afirmou Johnson.
Na próxima semana, os pubs e restaurantes devem reabrir as portas, assim como a maior parte dos estabelecimentos de hotelaria e da área culturl da Inglaterra, fechados desde 20 de março.
Mas a abertura pode ser adiada em Leicester, cidade de 500.000 habitantes do centro da Inglaterra, devido a um aumento de novas infecções.
O prefeito da cidade, Peter Soulsby, afirmou ter recebido instruções de Londres para desacelerar o processo de flexibilização, mas denunciou como "superficial" a avaliação do cenário pelo governo.
O secretário de Saúde Pública da prefeitura de Leicester, Ivan Browne, afirmou que as novas infecções estão acontecendo principalmente entre pessoas mais jovens, que são menos vulneráveis à COVID-19.
"É uma população mais jovem, em idade de trabalhar", disse Browne.
O governo de Johnson deve anunciar sua decisão a respeito depois de discutir as opções com as autoridades de Leicester.
pau-acc/es/fp
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