Topo

OMS pede que países afetados pela COVID-19 'acordem', enquanto América Latina passa Europa em casos

03/07/2020 19h15

Paris, 3 Jul 2020 (AFP) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta sexta-feira (3) aos países afetados pela pandemia que "acordem" e combatam a COVID-19 porque os "números não mentem", um pedido feito em um momento em que as infecções na América Latina pela primeira vez superam as da Europa.

América Latina e Caribe, região onde a epidemia está mais ativa nas últimas semanas, com 2,7 milhões de contágios e mais de 121.000 mortes, é a segunda área do mundo com mais casos detectados da doença, de acordo com um balanço atualizado pela AFP nesta sexta-feira com base em fontes oficiais.

"É hora dos países olharem para os números. Por favor, não ignore o que os números dizem", disse Michael Ryan, chefe de emergências da saúde da OMS, em entrevista coletiva em Genebra.

Embora Ryan estivesse respondendo a uma pergunta sobre o México, ele especificou que a mensagem é endereçada a "muitos países" porque o problema não "desaparece por mágica".

No caso do Brasil, epicentro da pandemia na região, com 1.496.858 infecções e quase 62.000 mortes, Ryan ressaltou que, embora os números tenham se estabilizado, eles continuam aumentando.

"Se você olhar para os números de maio, eles estavam subindo muito, muito abruptamente, os números de junho diminuíram um pouco, mas ainda estão subindo", disse a autoridade da OMS.

- Uma luz no túnel -Com diferentes níveis de impacto, os países latino-americanos estão caminhando para a normalização.

O Uruguai, elogiado por seu bem-sucedido controle do vírus, prepara o aeroporto de Montevidéu para os primeiros voos internacionais no próximo domingo e na segunda-feira.

Apesar das dificuldades no Brasil, os bares e restaurantes do Rio de Janeiro reabriram suas portas, limitando sua capacidade a 50% e com a obrigação de manter dois metros entre as mesas.

O Peru, que ultrapassou a marca de 10.000 mortes por vírus (1.496.858 infecções) e tem hospitais sobrecarregados, anunciou nesta sexta-feira que em 15 de julho retomará o transporte aéreo entre as províncias que saíram do confinamento, incluindo Lima, onde os ônibus já circulam com os passageiros usando máscaras.

Após quatro meses, o Chile registrou nesta sexta-feira de "números otimistas" em relação à doença. A subsecretária de Saúde, Paula Daza, afirmou que há uma redução no número de infectados e no número de casos ativos. Nas últimas 24 horas, foram registradas 3.548 novas infecções, elevando a 288.089 o total de infectados e a 6.051 a quantidade de falecidos.

A Europa continua sendo a região do mundo com o maior número de mortes, com cerca de 200.000 vítimas fatais.

Em todo o mundo, o novo coronavírus já provocou mais de 521.000 óbitos e mais de 10,8 milhões de contágios, segundo o balanço da AFP.

- Fogos de artifício -Nos Estados Unidos, o país mais afetado do planeta, com mais de 128.000 mortes, os contágios aceleram: nas últimas 24 horas a nação bateu um novo recorde diário, com 53.000 infecções, número preocupante na véspera do fim de semana de celebração do 4 de julho.

Ignorando as críticas por sua gestão da crise, o presidente Donald Trump pretende visitar nesta sexta-feira o Monte Rushmore para uma noite de fogos de artifício, que deve reunir mais de 7.500 pessoas.

Vários estados, no entanto, como Califórnia e Flórida, fecharam algumas áreas de restaurantes, bares e praias. E muitos eventos foram suspensos.

A Flórida, que registrou na quinta-feira o recorde diário de 10.000 casos, pode enfrentar em breve problemas para tratar os pacientes.

"Se esse tipo de aumento que observamos nos últimos 14 dias persistir por um mês ou dois meses, chegaremos no ponto em que os hospitais do sul da Flórida não terão leitos suficientes", advertiu Carlos Migoya, presidente do maior grupo de hospitais de Miami, o Jackson Health System.

- Fim da quarentena -Na Europa, onde a propagação do vírus parece controlada, os governos se apressam em anunciar as medidas de flexibilização para tentar salvar a temporada de verão, crucial para muitos países.

A partir de 10 de julho, os viajantes que chegarem ao Reino Unido procedentes de 73 países e territórios, entre eles a Espanha, França, Itália e Alemanha e nenhum da América Latina, estarão isentos da quarentena de 14 dias imposta por Londres, informou o governo britânico.

A Espanha, outro país europeu muito afetado pela COVID-19, também anunciou nesta sexta-feira que reabrirá as fronteiras para 12 dos 15 países liberados pela União Europeia, mas não para Argélia, Marrocos e China, até que estes permitam a entrada de pessoas procedentes da Espanha.

Com as fronteiras fechadas pela pandemia, foi interrompida a grande migração de milhões de marroquinos e argelinos que residem na Europa que atravessam a Espanha todos os anos para passar férias em seus países.

Na área médica, cientistas de várias partes do planeta lutam contra o tempo para tentar desenvolver uma vacina contra o coronavírus.

A Comissão Europeia autorizou provisoriamente o uso do medicamento antiviral remdesivir para o tratamento de pacientes com coronavírus, o primeiro remédio autorizado para o tratamento da COVID-19 nos países do bloco continental.

bur-es/af/fp/lca/cc