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Hospitais e necrotérios a beira do colapso na Bolívia por causa da pandemia

06/07/2020 19h24

La Paz, 6 Jul 2020 (AFP) - Com a COVID-19 em pleno crescimento, os hospitais bolivianos não tiveram espaço para atender a todos os doentes nesta segunda-feira (6), e um instituto estatal forense recomendou a compra de caminhões refrigerados para armazenamento dos cadáveres.

O principal hospital de La Paz para o tratamento do novo coronavírus "está lotado, tanto em pacientes de internação quanto em terapia intensiva", alertou o diretor de saúde do município, Cristian Pereira.

O segundo centro de saúde de referência na cidade que atende pacientes com a doença "também ficará lotado" ainda nesta semana, ressaltou.

Os hospitais das cidades de El Alto, vizinha a La Paz, Cochabamba (centro), Santa Cruz (leste) e Sucre (sudeste), destinados a atender casos da COVID-19, também operam em sua capacidade máxima, e as autoridades decidiram buscar outros locais para encaminhar os doentes.

No final de semana, o Instituto de Investigações Forenses (IDIF), pertencente ao Estado, relatou um aumento de mortes que pode fazer com os necrotérios entrem em colapso em breve, por isso recomendou a compra de caminhões refrigerados para armazenar temporariamente os corpos.

O diretor do IDIF, Andrés Flores, afirmou ao jornal Página Siete que "o grande número de cadáveres" coletados no final de semana em todo o país, um total de 139, chama a atenção. Nos últimos dias, a média diária de mortes subiu para entre 60 e 70.

"A recomendação do instituto é que as autoridades competentes adquiram ou aluguem carros refrigerados. Esses (...) precisam se tornar um abrigo temporário para os corpos", explicou.

Enquanto isso, os cemitérios de Cochabamba e La Paz estão trabalhando contra o tempo para tentar aumentar seus espaços.

Em La Paz, foram divulgadas imagens de um homem idoso que supostamente morreu às portas de um hospital aguardando atendimento médico, embora os diretores desse centro médico tenham dito que seus parentes o levaram ao local já sem vida.

Enquanto isso, a equipe do hospital se queixou da falta de interesse do governo central, dos estados e dos municípios para melhorar as condições de biossegurança.

"Os hospitais ainda estão indefesos", contou o diretor do Hospital de La Paz, Edgar Pozo, que alertou sobre o impacto no pessoal da saúde.

Em El Alto, os médicos protestaram nesta segunda por causa da falta de condições de segurança no trabalho.

Até o momento, na Bolívia, o coronavírus infectou quase 40.000 pessoas e deixou 1.434 mortos, em uma população de 11 milhões.

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