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Supremo tribunal da Venezuela suspende diretoria do partido de Guaidó

07/07/2020 16h45

Caracas, 7 Jul 2020 (AFP) - O tribunal máximo da Venezuela, de linha governista, suspendeu nesta terça-feira (7) a diretoria do partido político de Juan Guaidó, Vontade Popular, e entregou seu controle a um rival, uma decisão classificada de "irritante" pelo gabinete do líder opositor.

Uma decisão da Câmara Constitucional do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) "decretou uma medida cautelar de tutela constitucional que consiste em suspender a atual Direção Nacional da organização para fins políticos Vontade Popular", indica um comunicado do alto tribunal, que nomeou uma "junta diretora ad hoc" liderada pelo deputado José Gregorio Noriega, adversário de Guaidó, chefe parlamentar reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por meia centena de países.

Já em 15 e 16 de junho, o TSJ tomou medidas semelhantes contra outros dois grandes partidos da oposição, a Ação Democrática (social-democrata) e o Primeiro Justiça (centro). Isto a caminho das eleições de 6 de dezembro para renovar o Parlamento - único poder controlado pela oposição na Venezuela -, contra as quais os principais partidos opositores do governo Maduro anunciaram um boicote.

Classificando o TSJ como "braço judicial da ditadura de Maduro", o gabinete de Guaidó rejeitou no Twitter "uma decisão frustrante" e acusou o chavismo de tentar "se apoderar do cartão, logos e símbolos do Voluntad Popular" para "simular uma falsa oposição para sua próxima armadilha eleitoral".

A diretiva ad hoc, de acordo com a decisão judicial, "poderá usar o cartão eleitoral, o logotipo, símbolos, emblemas, cores e qualquer outro conceito típico do Vontade Popular", fundado pelo líder opositor Leopoldo López, mentor de Guaidó.

Guaidó reivindicou a presidência interina da Venezuela em janeiro de 2019 com o apoio dos Estados Unidos, depois que a maioria da câmera da oposição declarou Maduro "usurpador" acusando-o de ter sido reeleito fraudulentamente.

- 'Traidores' -

Noriega é aliado de Luis Parra, um legislador que rompeu com Guaidó depois de ser acusado de corrupção ligada a um programa alimentar do governo de Maduro e se proclamou presidente do congresso em janeiro passado, com o apoio do Chavismo, em paralelo à reeleição do líder da oposição.

"O Vontade Popular não é definido por traidores", tuitou Leopoldo López, hospedado na residência do embaixador da Espanha na Venezuela desde que fugiu da prisão domiciliar, em 30 de abril de 2019, durante uma tentativa de rebelião de um grupo de militares em Caracas.

Os Estados Unidos decretaram sanções financeiras contra Luis Parra e vários congressistas que o apoiam, entre eles Noriega.

Onze partidos opositores, entre eles Vontade Popular, Ação Democrática e Primeiro Justiça, anunciaram um boicote às eleições legislativas, após a nomeação de uma nova diretoria para o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pelo TSJ, que declarou uma "omissão" do Parlamento em sua atribuição de escolher autoridades eleitorais.

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