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Justiça do Panamá bloqueia bens de ex-procuradora a pedido de ex-presidente

09/07/2020 20h41

Panamá, 9 Jul 2020 (AFP) - A justiça do Panamá bloqueou nesta quinta-feira (9) os bens de uma ex-procuradora-geral do país, investigada por supostas escutas ilegais, a pedido do ex-presidente do país Ricardo Martinelli, que é acusado de suposta corrupção.

"Bloqueamos todas as contas bancárias de Kenia Porcell", disse Alfredo Vallarino, um dos advogados de Martinelli, à imprensa durante a busca na casa da ex-promotora, que teve apreendido imóveis, jóias e cerca de 140.000 dólares em espécie.

A ação legal "trata dos danos e prejuízos relacionados a Ricardo Martinelli" devido ao "número de manifestações que a Sra. Kenia Porcell fez publicamente atribuindo-lhe conduta criminosa", afirmou Vallarino.

Martinelli foi acusado de espionar cerca de 150 oponentes de seu governo e levado a um julgamento em que o Ministério Público, sob o comando de Porcell, pediu 21 anos de prisão para o então presidente, do qual ele foi finalmente exonerado.

"Nunca fiz nada errado, nunca fiz", afirmou Porcell após a intervenção judicial.

O ex-presidente abriu vários processos contra jornalistas e ex-funcionários da justiça, a quem ele acusa de difamar e violar seus direitos.

No entanto, seus detratores garantem que é uma estratégia para assustar juízes e promotores que analisam outras investigações nas quais é alvo.

Martinelli, um magnata do ramo de supermercados, é acusado de lavagem de dinheiro num caso conhecido como New Business, no qual é investigada o suposto uso de deinheiro público na compra de um grupo de mídia, durante seu governo.

Também tem seu nome envolvido nas investigações sobre as subornos pagos pela multinacional brasileira Odebrecht, que ofereceu pagamentos milionários no país da América Central para conseguir contratos.

Por esse motivo, dois filhos de Martinelli continuam detidos na Guatemala, aguardando um julgamento por extradição para os Estados Unidos, onde o tribunal federal de Nova York os acusa de participar de "um esquema de suborno e lavagem de dinheiro".

A justiça panamenha enfrenta sérios questionamentos de cidadãos e organizações sindicais por decisões controversas.

Martinelli foi mantido em custódia preventiva por mais de um ano após ser extraditado em 2018 dos Estados Unidos para enfrentar acusações de espionagem.

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