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Militar na administração da pandemia gera críticas na Bolívia

10/07/2020 19h59

La Paz, 10 Jul 2020 (AFP) - O ministro da Defesa da Bolívia, Fernando López, assumiu interinamente, nesta sexta-feira, a pasta da Saúde. A direção de um militar na luta contra o coronavírus desagradou ao ex-presidente Evo Morales e outros políticos.

Capitão reformado do Exército, López substitui a ministra Eidy Roca, que está em quarentena depois de ser diagnosticada com COVID-19. A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, de direita, também foi infectada e está em isolamento desde quinta-feira.

"100% de disciplina para combater a COVID-19", exigiu o militar reformado. "Precisamos de uma Bolívia organizada e disciplinada", acrescentou.

A nomeação de López para liderar a luta contra a pandemia recebeu críticas da direita e da esquerda. De seu refúgio na Argentina, o ex-presidente Morales (2006-2019) condenou a nomeação de um militar "em vez de um especialista para enfrentar a crise da pandemia".

"É uma irresponsabilidade do governo de fato da Bolívia, onde as pessoas morrem nas ruas sem um plano que quatro ministros, em oito meses, fossem capaz de executar", tuitou o ex-governante de esquerda, referindo-se às quatro autoridades de Saúde de Jeanine Áñez.

"López na Saúde, Ortiz na Economia, isso não é sério, é uma falta de responsabilidade com a Bolívia", reagiu o líder popular Luis Fernando Camacho, candidato da direita radical nas eleições presidenciais de 6 de setembro. Ortiz foi designado esta semana como novo chefe de Economia e Finanças.

"Será que Fernando López, com sua formação como capitão do Exército, está preparado para administrar o Ministério no momento em que o número de vítimas de coronavírus está aumentando?", questionou o deputado Edgar Montaño, do Movimento para o Socialismo, partido de Morales.

A Bolívia, com 11 milhões de habitantes, já registrou 44.113 casos do novo coronavírus e 1.638 mortos.

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