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Governo brasileiro promete reduzir desmatamento amazônico a 'mínimo aceitável'

15/07/2020 16h28

Brasília, 15 Jul 2020 (AFP) - O governo brasileiro se comprometeu nesta quarta-feira (15) a reduzir a um "mínimo aceitável" o desmatamento, e os incêndios na Amazônia, em resposta às críticas recebidas dentro e fora do país em relação a esse assunto desde a chegada de Jair Bolsonaro ao poder.

"Vamos buscar reduzir ao mínimo aceitável os índices de desmatamento e queimada, demostrando com isso à comunidade internacional e à sociedade brasileira esse nosso compromisso, e deixando claro que desmatamento zero e desenvolvimento econômico não são excludentes", declarou o vice-presidente, Hamilton Mourão, que dirige o Conselho Nacional da Amazônia.

Nesta quarta-feira, Mourão liderou uma nova reunião desse órgão, criado em janeiro por Bolsonaro. Na reunião, ele ressaltou "o compromisso firme do governo" com a "preservação e desenvolvimento" da maior floresta tropical do planeta.

Segundo dados oficiais, entre janeiro e junho, o desmatamento na Amazônia brasileira registrou um recorde semestral de 3.070 km2, um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano passado. É um novo recorde desde o início dessa série, em 2015.

Em junho, início da estação seca, houve também um aumento de quase 20% das queimadas em relação a junho do último ano, o pior número para esse mês em 13 anos. Trata-se de uma preocupação ambiental e de saúde, pois as nuvens de fumaça causam um aumento de doenças respiratórias, em meio da pandemia do novo coronavírus.

Como resposta ao aumento alarmante dos incêndios no ano passado, o governo brasileiro enviou as Forças Armadas na Amazônia por 60 dias para combater o desmatamento.

Este ano, repetiu a operação em maio, sob o nome de Operação Verde Brasil 2 que, segundo Mourão, poderá se estender até o fim do mandato de Bolsonaro, em 31 de dezembro de 2022.

- Não apenas as ONGs -As críticas ao aumento do desmatamento apontam para as políticas de Bolsonaro, apoiador de atividades extrativistas e agrícolas em áreas indígenas e áreas protegidas.

O presidente atribui o ocorrido a ONGs "globalistas" e aos interesses dos países supostamente empenhados em impedir o desenvolvimento do Brasil. No entanto, nos últimos meses as questões ambientais ganharam espaço na cobertura de economia e negócios.

No final de junho, fundos de investimento na Europa, Ásia e América do Sul, que juntos administram cerca de US$ 4 trilhões em ativos, pediram ao governo Bolsonaro que interrompesse projetos que ameaçassem acelerar a destruição da Amazônia.

Depois de se reunir virtualmente com representantes de nove desses fundos na última quinta-feira, Mourão informou eles pediram "resultados" da luta contra o desmatamento antes de discutir sua eventual participação em projetos de proteção ambiental no país.

Grandes exportadores brasileiros, preocupados com a imagem do país, também demonstraram preocupação.

Nesta quarta-feira foi a vez de 17 ex-ministros brasileiros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central pedirem ao governo uma mudança de rumo.

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