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Trump tenta recuperar imagem desgastada por pandemia

15/07/2020 18h37

Washington, 15 Jul 2020 (AFP) - Criticado por sua demora em combater a crise sanitária, o presidente americano, Donald Trump, busca desesperadamente uma forma de recuperar sua imagem, desgastada, embora pareça desarmado para enfrentar uma pandemia que não dá trégua.

"Excelentes notícias sobre vacinas", tuitou Trump nesta quarta-feira, ansioso para virar a página da COVID-19, à medida que a votação de 3 de novembro se aproxima, quando ele buscará a reeleição. A realidade, entretanto, não ajuda: o número de casos cresce em quase 40 dos 50 estados americanos, no momento em que o país soma 136 mil mortos e há previsão de que chegarão a 157 mil em 8 de agosto.

Com curvas de propagação do vírus muito diferentes das registradas na Europa, a situação nos Estados Unidos é considerada muito ruim. Mas Trump tenta fugir do assunto. Ontem, fez uma referência rápida ao combate à pandemia pelo seu governo, durante entrevista coletiva em que denunciou a China e desprezou Joe Biden, seu rival na corrida presidencial. Hoje, o presidente americano fará um discurso centrado na modernização da infraestrutura do país.

A Califórnia, estado mais populoso e mais afetado atualmente pela Covid-19, anunciou ontem o fechamento de parte da sua economia. O Federal Reserve, no entanto, apontou hoje que a economia melhora na maioria das regiões do país, embora "a perspectiva siga sendo altamente incerta".

- Máscara sim, máscara não -

As tentativas do governo de desacreditar o renomado especialista em imunologia Anthony Fauci fracassaram. Fauci afirma sem rodeios que a estratégia do governo de combater o vírus não funciona. Mesmo no campo republicano, exige-se uma abordagem séria da crise pelo presidente e seu círculo mais próximo, em vez de procurarem bodes expiatórios.

Entre outras recomendações, Fauci defende o uso da máscara de proteção, o que desagrada a Trump e se tornou um assunto político. O Alabama impôs hoje o uso de máscaras, como já haviam feito Califórnia e Texas, bem como governos locais, enquanto o governador republicano de Oklahoma, Kevin Stitt, que contraiu a doença, avisou que não irá restringir as liberdades individuais, segundo a imprensa.

O ex-presidente Barack Obama tuitou: "Os últimos dados oferecem uma lembrança trágica de que, para o vírus, não importa o discurso político ou a ideologia, e que o melhor que podemos fazer pela nossa economia é enfrentar nossa crise de saúde pública."

No setor privado, cada vez mais redes de lojas tornam o uso de máscara obrigatório, entre elas Walmart, Starbucks e Apple.

- Desorientação -Desorientada frente ao fortalecimento do novo coronavírus, a Casa Branca tenta acalmar os ânimos. Em coluna publicada nesta terça-feira no "USA Today", Peter Navarro, principal assessor comercial de Trump, atacou Fauci severamente: "Se me perguntarem se eu escuto os conselhos do Dr. Fauci, minha resposta é: apenas com cautela e ceticismo."

Alyssa Farah, diretora de comunicação da Casa Branca, alfinetou o assessor em publicação no Twitter: "A opinião de Peter Navarro não foi além das permissões normais da Casa Branca e é apenas a opinião dele. @RealDonaldTrump valoriza a experiência de profissionais médicos que aconselham o governo."

Enquanto isso, Joe Biden se beneficia da falta de orientação do governo e apresenta um bom desempenho nas pesquisas de opinião, inclusive em distritos republicanos. O candidato democrata, que denunciou "o fracasso da resposta" de Trump à crise sanitária, divulgou pela primeira vez um anúncio de campanha no Texas, estado que não vota em um candidato democrata à Casa Branca desde 1976 e onde as pesquisas o colocam em pé de igualdade com Trump. "Se você está doente, se está lutando... não irei abandoná-lo", promete o anúncio publicitário.

A preocupação é visível no campo republicano, onde um pesado silêncio se instalou. Segundo a média nacional de pesquisas em nível nacional feita pelo site RealClearPolitics, Biden supera Trump em nove pontos percentuais.

Biden também lidera em pelo menos cinco dos estados considerados essenciais para influenciar uma eleição: Arizona, Flórida, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.

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