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Espanha recorda vítimas da pandemia em cerimônia solene

16/07/2020 08h13

Madri, 16 Jul 2020 (AFP) - Muito afetada pela pandemia, a Espanha recordou nesta quinta-feira (16) as vítimas do coronavírus em uma cerimônia solene de Estado, com a presença de governantes europeus e da Organização Mundial da Saúde (OMS), no momento em que o país tenta conter uma nova aceleração dos contágios.

"Foi muito difícil, nos sentimos impotentes, com uma sensação brutal de incerteza (...) demos tudo o que tínhamos, trabalhamos até o limite de nossas forças", afirmou na cerimônia Aroa López, enfermeira do hospital Vall d 'Hebron de Barcelona, em referência aos milhares de profissionais de saúde que lutaram contra a doença.

"Hoje, simbolicamente, nos despedimos de mães, pais, filhos, irmãos, amigos; pegamos suas mãos, acariciamos suas bochechas, beijamos sua testa, registramos seus olhares em nossos corações", disse em outro discurso Hernando Calleja, irmão de José María Calleja, um famoso jornalista espanhol que morreu em abril, vítima do coronavírus.

A cerimônia, de caráter civil, aconteceu na "Plaza de la Armería", do Palácio Real de Madri.

O evento foi liderado pelo rei Felipe VI, que em seu discurso destacou os parentes das vítimas fatais e afirmou que "não estão sozinhos em sua dor, é uma dor que compartilhamos, seu luto é o nosso".

"Este ato não pode reparar a dor de muitas famílias por não poderem estar ao lado deles (os parentes) nas últimas horas (...) mas pode fazer justiça às suas vidas, sua contribuição para nossa sociedade, sua memória", completou o monarca.

A homenagem teve as presenças do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel; da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; do presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli; do chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell; do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg; e do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

As autoridades, assim como todo governo espanhol, depositaram flores em homenagem às vítimas.

O governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez, muito criticado pela oposição por sua gestão da crise, decretou no fim de maio 10 dias de luto nacional pelas vítimas, o luto mais prolongado desde o retorno da democracia no país, em 1977.

- Responsabilidade das regiões -Sétimo país do mundo com mais mortes provocadas pela COVID-19, a Espanha registra oficialmente mais de 28.400 óbitos e 256.619 casos notificados.

O Instituto Nacional de Estatísticas e o Instituto de Saúde Carlos III reportaram, no entanto, entre 43.000 e 44.000 falecimentos acima da média nos últimos meses no país.

O governo afirma que este número inclui outras causas de morte e casos suspeitos de COVID-19 que não passaram pelo exame PCR, requisito indispensável para o falecimento entrar no balanço oficial.

Com a população retomando as atividades e as fronteiras abertas com a Europa e para alguns países fora do continente, a Espanha registrou nos últimos dias um aumento dos contágios.

Dos mais de 120 focos ativos no país, o que mais preocupa é o da zona de Lérida, na Catalunha, cujas autoridades ordenaram o confinamento de 160.000 pessoas.

Também solicitaram aos moradores de três bairros de L'Hospitalet de Llobregat, nas proximidades de Barcelona, que evitem sair de suas casas.

Várias regiões do país reforçaram a obrigatoriedade do uso das máscaras, sob pena de multa, mesmo quando é possível manter a distância de segurança.

O governo de Pedro Sánchez, que decretou um estado de alerta que permitiu impor um confinamento da população de meados de março até 21 de junho, descarta voltar a aplicar o regime de exceção.

Para o Executivo nacional, as regiões, competentes na área da Saúde, têm as ferramentas para controlar os focos.

"Passado o pico da pandemia, as comunidades autônomas têm instrumentos em sua legislação sanitária para enfrentar situações pontuais. Os novos focos eram esperados e estão acontecendo em todos os países", afirmou na terça-feira a vice-primeira-ministra Carmen Calvo.

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