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Primeiro-ministro holandês, rumo a um novo choque econômico com a UE

16/07/2020 09h20

Haia, 16 Jul 2020 (AFP) - O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, parece tranquilo ao andar de bicicleta pelas ruas de Haia, mas na Europa é conhecido por suas tentativas de conter os planos econômicos da União Europeia.

O líder liberal de 53 anos, no poder há uma década, tem a imagem de uma pessoa modesta e franca que responde aos valores dos holandeses.

Não é casado e mora no mesmo apartamento que comprou depois de obter seu diploma. Dirige um carro Saab de segunda mão ou anda de bicicleta e dá aulas de instrução cívica como voluntário em uma escola.

Rutte é uma pessoa jovial e um tanto desajeitada que já formou três governos de coalizão na Holanda, um país politicamente fragmentado.

Mas suas convicções econômicas o direcionam para uma nova rodada de negociações difíceis com a União Europeia nesta sexta-feira e sábado em Bruxelas, em uma cúpula extraordinária da UE sobre um plano de recuperação de 750 bilhões de euros (cerca de 840 bilhões de dólares) pela pandemia do coronavírus.

"É uma espécie de camaleão", diz Pepijn Bergsen, pesquisador de um programa sobre Europa no Chatham House, um instituto político de Londres.

Mark Rutte, descrito como "vigário com cafeína" pela revista The Economist, transmite uma imagem de abertura, embora seja muito discreto sobre sua vida privada.

Ele é o mais novo de uma família de sete filhos que sempre morou em Haia e se descreve como um "homem de costumes e tradição".

Embora quisesse ser pianista, acabou estudando História e depois se tornou diretor de recursos humanos da Unilever.

Graças a seus talentos políticos, Rutte tornou-se chefe do partido liberal-conservador VVD em 2006 e quatro anos depois foi nomeado primeiro-ministro.

Foi acusado algumas vezes de correr atrás de votos, como quando reforçou sua política de imigração no contexto das legislativas de 2017, quando o deputado de extrema direita Geert Wilders estava ganhando terreno.

Mais recentemente, seu "confinamento inteligente" frente ao novo coronavírus rendeu elogios dos compatriotas.

"O que ele sempre teve é a percepção de ser uma personalidade de liderança competente", diz Bergsen, que foi consultor de política econômica do governo holandês.

Mark Rutte soube gerenciar sua imagem pessoal com muito cuidado, com vídeos virais que mostram ele chegando na bicicleta para falar com líderes estrangeiros.

Em plena pandemia, cumpriu as medidas contra a COVID-19 e não visitou sua mãe algumas semanas antes de sua morte.

No plano internacional, Rutte recorre à franqueza.

Em 2018, visitou Washington e se fez notar ao interromper Donald Trump com um retumbante "não" quando o presidente americano disse que seria "positivo" não chegar a um acordo comercial com a UE.

Sua posição firme na crise migratória na Europa, assim como na crise da dívida grega em 2010, irritou alguns Estados membros da UE.

É agora considerado o líder não oficial dos quatro países chamados "frugais" - Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia - que se opõem a um plano de recuperação da UE para a crise do coronavírus.

Ele gosta do papel de "malvado", disse à AFP um diplomata holandês em Bruxelas, porque Rutte "prefere ser visto como alguém que melhora as coisas".

Vários líderes, incluindo o francês Emmanuel Macron e os primeiros-ministros italiano e espanhol, foram a Haia nas últimas semanas, na esperança de levar as negociações adiante.

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