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Pandemia avança nas Américas, enquanto UE fecha acordo para plano de recuperação

21/07/2020 22h45Atualizada em 22/07/2020 09h40

Washington, 22 Jul 2020 (AFP) - A pandemia de COVID-19 avança sem dar "sinais de desaceleração" nas Américas, alertou a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), enquanto do outro lado do mundo, líderes europeus selaram um acordo bilionário sem precedentes para salvar suas economias devastadas pela crise de saúde.

Nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia em termos absolutos, o presidente Donald Trump advertiu em coletiva de imprensa nesta terça-feira (21) que "a crise vai piorar antes de que haja uma melhora".

O país registrou 68.524 novos casos e 961 novos óbitos por COVID-19 nas últimas 24 horas, segundo cifras da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, referência no acompanhamento da pandemia.

Com os novos números, o total de contagiados alcançou 3.891.893 e o de mortos, a 141.883, segundo dados divulgados às 20h30 locais (21h30 de Brasilia).

As Américas registram mais de 316.000 mortos por COVID-19 e 7,9 milhões de contágios, segundo contagem feita pela AFP com dados oficiais.

"A pandemia não mostra sinais de desaceleração na região", alertou mais cedo a diretora da OPAS, Carissa Etienne, em Washington.

Na região estão os dois países com mais casos no mundo: os Estados Unidos e o Brasil, com 2,1 milhões de infectados.

Segundo o boletim mais recente divulgado na noite desta terça, o Brasil totaliza 2.159.654 casos (com um aumento de 41.008 nas últimas 24 horas), 81.487 óbitos (+1.367) e 1.465.970 recuperados.

O vírus já infectou mais de 14,8 milhões de pessoas em todo o mundo e matou mais de 614.000 desde que apareceu na China no ano passado, segundo uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais.

Na América Latina e no Caribe, que contabiliza mais de 166.000 mortes e 3,9 milhões de infecções, a Argentina aparece como um novo foco de preocupação, registrando um recorde de 117 mortes em um dia.

No México, a pandemia é responsável por mais de 40.000 mortes.

A OPAS advertiu que na região três em cada dez pessoas - o equivalente a 325 milhões de pessoas - têm um risco ponderado de desenvolver a forma grave da infecção pelo novo coronavírus, devido a condições subjacentes.

- "Acordo!" -À medida que o vírus se espalha pelas Américas e começa a afetar com mais força a África, comprometendo as regiões mais pobres do planeta, a Europa se prepara para o pós-pandemia.

Líderes europeus de 27 países concordaram nesta terça-feira com um plano bilionário para relançar a economia.

"Acordo!", tuitou o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, mais de 90 horas após o início da cúpula em Bruxelas.

Os líderes concordaram com um fundo sem precedentes equivalente a 840 bilhões de dólares.

É "o momento mais importante desde a criação do euro", disse euforicamente o presidente da França, Emmanuel Macron, na televisão, após o pacto que aliviou a chanceler alemã Angela Merkel diante da "maior crise" enfrentada pela UE em sua história.

O plano vai permitir que os países mais afetados, como Espanha e Itália, atravessem a profunda recessão prevista para 2020 devido à pandemia, que deixou mais de 205.000 mortos na Europa.

- Trump tenta recuperar terreno -A pouco mais de três meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump retomou nesta terça as coletivas de imprensa sobre a pandemia, em um momento de aceleração de infecções e mortes em vários estados, principalmente no chamado 'Cinturão do Sol', da Flórida à Califórnia.

Na coletiva, Trump admitiu a magnitude da crise e recomendou o uso de máscaras, diante das críticas por sua gestão da pandemia, e em um momento em que está em desvantagem nas pesquisas e o país enfrenta uma complicada paralisação econômica, que deixou milhões de desempregados.

"Usem uma máscara", disse o presidente. "Podem gostar delas ou não, mas têm um impacto".

O país somou um sétimo dia com mais de 60.000 novos casos em 24 horas e sofre com um aumento dos contágios no sul e no oeste, que ameaçam estados muito populosos e que são chave para as eleições presidenciais de novembro como a Flórida e o Texas.

Enquanto isso, o Fundo Monetário Internacional disse que a pandemia pode comprometer o progresso feito pelas mulheres nas últimas três décadas para diminuir a desigualdade econômica em relação aos homens.

- Brasil testa vacina -O Brasil se tornou nesta terça o primeiro país a iniciar os testes de fase 3 da vacina chinesa Coronavac contra o coronavírus, informou à AFP o laboratório Sinovac Biotech.

"Eu fico muito contente de poder participar dessa experiência, a gente está vivendo um momento único e histórico e foi o que me fez querer participar desse projeto", afirmou uma médica, cuja identidade não foi revelada, em vídeo divulgado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

A clínica geral de 27 anos foi a primeira de 9.000 médicos e paramédicos voluntários que receberão a vacina nos próximos três meses como parte do acordo entre o laboratório chinês e o instituto de pesquisa brasileiro Butantan.

Estudos publicados na segunda-feira trouxeram esperanças de encontrar uma vacina contra o vírus em breve, devido ao progresso de outros dois ensaios: o da Universidade de Oxford em associação com a AstraZeneca e o de pesquisadores de várias organizações na China, financiados pela CanSino Biologics.

Mas nos Estados Unidos, os laboratórios Pfizer, MSD (conhecido como Merck nos EUA) e Moderna disseram que, se descobrirem a nova vacina contra o coronavírus, não a venderão a preço de custo. Por outro lado, Johnson & Johnson e AstraZeneca concordaram em vender inicialmente suas doses sem lucro.

Diante da incerteza se uma vacina eficaz chegará rapidamente à sua fase final, a tradicional cerimônia do Prêmio Nobel, realizada em dezembro em Estocolmo, foi cancelada pela Fundação Nobel, que informou que a premiação permanece em "novos formatos "e os homenageados provavelmente poderão participar do evento de condecoração.

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