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Capturado 'El Marro', poderoso traficante de gasolina no México

02/08/2020 21h24

México, 3 Ago 2020 (AFP) - Forças militares capturaram neste domingo (2) José Antonio Yépez, apelidado de "El Marro", líder de um poderoso cartel dedicado ao tráfico de combustível e um dos criminosos mais procurados no México.

Segundo a imprensa local, foram usados na captura de "El Marro" drones para seguir seus movimentos no município de Santa Cruz, em Guanajuato, onde foi realizada uma operação da Secretaria da Defesa e da Procuradoria do estado.

"Na madrugada foram detidos José Antonio Yépez, chefe do cartel de Santa Rosa de Lima (...) Esta detenção é muito importante", disse o presidente Andrés Manuel López Obrador em um vídeo transmitido nas redes sociais.

Espera-se que Yépez seja transferido a um presídio de segurança máxima no estado do México (centro), onde será apresentado perante um juiz federal que ordenou sua captura pelos crimes de "crime organizado e roubo de combustível", detalhou a secretaria de Segurança.

Junto com o chefe criminoso foram detidos oito homens e resgatada uma mulher que tinha sido sequestrada.

O cerco a Yépez se fechou nos últimos meses. Em 24 de julho foi detido José Guadalupe, aliás "El Mamey", um de seus subordinados.

Em julho, as autoridades tinham capturado 30 integrantes deste cartel do crime, entre eles a mãe e a irmã de "El Marro", que na ocasião divulgou um vídeo protestando contra as detenções.

As duas mulheres, que afirmaram ter sido torturadas, foram liberadas dias depois.

- Combate ao "huachicol" -Yépez forjou nos últimos três anos um poderoso grupo criminoso dedicado essencialmente a perfurar dutos que transportam combustível para depois vendê-lo no mercado negro.

O roubo de combustível representa para a estatal Petróleos Mexicanos perdas anuais de 3 bilhões de dólares.

Desde o atual governo se assegura que este crime está em declínio, graças a operações contra as quadrilhas dedicadas ao "huachicol", como é chamado popularmente o combustível roubado.

Ao assumir a Presidência, em dezembro de 2018, López Obrador orientou sua política de segurança para combater principalmente este crime, já equiparado com o tráfico de drogas.

"Como foi que cresceu tanto este cartel a tal grau que Guanajuato se tornou o estado mais violento do país?", questionou López Obrador em mensagem por vídeo neste domingo.

Tudo resultou, acrescentou, da "corrupção" e das "cumplicidades" de criminosos com autoridades locais.

No final de 2018, para combater este crime, López Obrador lançou uma estratégia que consistiu principalmente em deter a passagem do combustível por dutos para distribuí-lo por outros meios, o que se traduziu em escassez de combustíveis, que durou cerca de duas semanas.

Fracisco Rivas, especialista em segurança e diretor da organização Observatório Cidadão, disse à AFP que a captura de Yépez é algo positivo, mas agora será preciso ver se foi "construída de tal forma que não haja uma reação do cartel que propicie mais violência".

"Para que se consolide como uma vitória da estratégia de López Obrador, também é necessário que se consiga desarticular as capacidades do cartel, que Yépez informe de todas as suas atividades, de suas redes de corrupção", acrescentou.

Yépez mantém um perfil discreto e de sua vida pessoal se sabe apenas que seus familiares participal do cartel, com o nome da comunidade onde nasceu, Santa Rosa de Lima.

Segundo a imprensa local, "El Marro" subornava tanto os efetivos de segurança quanto funcionários da Pemex. É descrito como um homem violento, que teria matado com as próprias mãos alguns de seus rivais.

A violência em Guanajuato recrudesceu pela disputa deste cartel com o de Jalisco Nova Geração, que explora tanto o tráfico de drogas quanto de combustível.

Um dos episódios mais violentos ocorreu em 1º de julho, quando homens fortemente armados invadiram o centro de reabilitação para dependentes químicos em Irapuato e mataram 27 pessoas.

Uma importante rede de dutos passa por Guanajuato e neste estado, a cidade de Salamanca abriga uma refinaria.

Desde dezembro de 2006, quando o governo da época lançou uma operação militar antidrogas, até julho passado foram registrados cerca de 293.000 assassinatos no México, segundo cifras oficiais que não detalham quantos casos estariam ligados ao crime organizado.

sem/gma/mvv