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Menos casos de câncer diagnosticados nos EUA durante a pandemia

04/08/2020 15h05

Washington, 4 Ago 2020 (AFP) - Os casos de câncer detectados nos Estados Unidos reduziram pela metade no início da pandemia de COVID-19 em comparação com os anos anteriores, como resultado do adiamento ou cancelamento de consultas médicas não urgentes e visitas aos hospitais por medo de contágio, segundo um estudo publicado nesta terça-feira.

Essa é mais uma das consequências indiretas para a saúde da pandemia de coronavírus.

Aparentemente, o número de visitas ao pronto-socorro por insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e até apendicite também diminuiu, o que os estudos estão tentando verificar.

Segundo a ONU, a vacinação infantil essencial também caiu drasticamente em todo o mundo, e as agências internacionais manifestaram preocupação com os efeitos na luta contra o HIV, malária e tuberculose, na medida em que os testes de rastreamento, as cadeias logísticas e o acesso aos centros de saúde foram perturbados.

A nova análise semanal dos Estados Unidos, publicada todas as terças-feiras na revista Jama Network Open, mostra que, para seis cânceres (mama, colorretal, pulmão, pâncreas, gástrico e esofágico), o número de diagnósticos diminuiu 46% comparado com a quantidade normal em março e abril.

O declínio começou na primeira semana de março, antes das medidas iniciais de confinamento, e estabilizou no final de março em cerca da metade dos números usuais.

"Embora as pessoas tenham adotado o distanciamento social, o câncer não para", alertam os autores do estudo, do laboratório analítico Quest Diagnostics.

"A demora nos diagnósticos provavelmente levará a detecções mais tardias e a resultados clínicos mais sérios".

Eles citam uma estimativa feita por pesquisadores da University College London, em um estudo que ainda não foi validado por uma revista científica, de um adicional de 33.890 mortes por câncer nos Estados Unidos devido à pandemia.

Outros países, como a Holanda e o Reino Unido, também alertaram para o declínio da detecção do câncer.

"Mais recentemente, vimos sinais de que as taxas de detecção estão começando a voltar ao normal", disse Laura Makaroff, da American Cancer Society. "Mas ainda há atrasos e não retornamos ao nível pré-pandêmico", apontou.

Makaroff acrescentou que algumas das recomendações de detecção são flexíveis. Nos Estados Unidos, recomenda-se uma mamografia a cada dois anos para mulheres acima de 55 anos, sem nenhum fator de risco específico, e também há testes domiciliares para câncer colorretal.

De qualquer forma, acrescenta, "se você tiver algum sintoma novo ou preocupante, entre em contato com seu médico imediatamente".

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