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Nova ponte de Gênova é reaberta ao público dois anos após tragédia

04/08/2020 19h01

Gênova, Itália, 4 Ago 2020 (AFP) - A nova ponte de Gênova, inaugurada na segunda-feira com grande pompa dois anos após um trágico desabamento, foi aberta nesta terça (4) à noite para circulação, embora alguns críticos acreditem que as medidas tomadas para a renovação da infraestrutura da construção não sejam suficientes.

Os primeiros veículos com jornalistas, entre eles da AFP, cruzaram pouco depois das 20h00 locais (17h00 horário de Brasília) a elegante estrutura de metal, cerca de dois anos após a ponte desabar durante a época de chuvas, uma tragédia que resultou na morte de 43 pessoas.

Na segunda-feira, aviões da patrulha acrobática da aeronáutica espalharam fumaça com as cores da bandeira italiana e sobrevoaram a ponte no momento em que o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, cortou a faixa inaugural no final da tarde.

"São 43 estrelas a brilhar bem alto todas as noites", disse Conte ao prestar homenagem às vítimas, cujos nomes foram lidos em voz alta, mas sem a presença de familiares, que se recusaram em participar da cerimônia.

- "Dor e orgulho" -A nova ponte foi projetada pelo arquiteto Renzo Piano, autor, entre outras obras do Centro Pompidou e do novo Palácio de Justiça de Paris, da Fundação Botin de Santander (norte da Espanha) e da Torre The Shard, em Londres.

Em 14 de agosto de 2018, sob forte chuva, a ponte Morandi, um dos eixos essenciais para o comércio com a Europa e para viagens turísticas, desabou, arrastando dezenas de veículos.

Desde então, a Itália, onde a construção de obras públicas tende a ser demorada, acelerou o passo e terminou em tempo recorde a renovação da ponte.

O último trecho da ponte, de aproximadamente 1 km, foi concluído em final de abril. Em seguida, foram feitos os trabalhos de acabamento e os testes de segurança.

Há cerca de dez dias, foi comprovada a solidez da nova ponte com a passagem de 56 caminhões, que juntos pesavam 2.500 toneladas.

- "Filha de uma tragédia" -A ponte foi construída por várias empresas italianas e consiste de uma estrutura branca com um formato que lembra a parte inferior de um barco, uma homenagem à história marítima de Gênova.

"É uma ponte que faz um trabalho silencioso, já que une os dois lados de um vale; é também uma ponte urbana, já que o vale se encontra em meio a uma cidade, mas também é filha de uma tragédia", comentou o arquiteta Renzo Piano em declarações recentes.

A tragédia resultou em uma dura batalha judicial - ainda em andamento - na qual as famílias acusam principalmente a empresa de manutenção, uma subsidiária do grupo Atlantia, de propriedade da família Benetton, a maior concessionária de rodovias da Itália.

Após uma longa queda de braço com Roma, os Benetton aceitaram há duas semanas renunciar à concessão das rodovias italianas.

A investigação preliminar deve ser concluída em outubro e o julgamento está previsto para começar no início do ano que vem, afirmou o representante dos familiares das vítimas.

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