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Máscara obrigatória ganha terreno na Europa por vírus que deixou 700.000 mortos no mundo

05/08/2020 08h17

Paris, 5 Ago 2020 (AFP) - O uso obrigatório da máscara para lidar com o coronavírus começa a ganhar terreno nas cidades da Europa, especialmente na França e na Holanda, diante de um aumento descontrolado da pandemia que já causou mais de 700.000 mortes em todo mundo.

Desde seu surgimento na China, em dezembro passado, a pandemia deixou 700.489 mortos no mundo, com mais de 18,5 milhões de casos de contágio.

Cerca de metade desses óbitos estão concentrados em quatro países: Estados Unidos (156.806), Brasil (95.819), México (48.869) e Reino Unido (46.299).

O número de mortos pela COVID-19 dobrou desde 26 de maio e, em menos de três semanas, outras 100.000 mortes foram registradas. A Europa continua sendo a região mais afetada, com mais de 211.000 falecimentos.

Para tentar conter o avanço do vírus, a máscara será obrigatória a partir desta quarta-feira no exterior, nas áreas mais frequentadas de cidades da França, como Toulouse (sudoeste). A medida em breve se estenderá a Paris e a outras cidades, anunciaram as autoridades.

Na França, o órgão científico que assessora o governo considerou "altamente provável que uma segunda onda epidêmica seja observada no outono, ou no inverno" (primavera e verão no Brasil).

"O vírus circula de forma mais ativa, com uma perda acentuada das medidas de distanciamento e de segurança: o equilíbrio é frágil e, a qualquer momento, podemos passar para um cenário menos controlado, como na Espanha, por exemplo", alertou o Conselho Científico na terça-feira (4).

Também a partir desta quarta, a máscara será obrigatória no famoso Bairro Vermelho de Amsterdã e nos bairros comerciais de Roterdã.

Já o governo irlandês decidiu prorrogar a última fase de seu desconfinamento, como a reabertura de todos os "pubs", bares e hotéis. Máscaras serão obrigatórias nas lojas e nos shopping centers a partir de 10 de agosto.

- "Esforços incansáveis" -Muitos países já estão recuando na flexibilização, ou intensificando suas restrições.

Nas Filipinas, mais de 27 milhões de pessoas em Manila e em quatro províncias vizinhas, ou seja, cerca de 25% da população, foram "reconfinadas" na terça-feira.

Em Melbourne, a segunda maior cidade da Austrália e onde um toque de recolher está sendo aplicado desde domingo, todo comércio não essencial fecha a partir da meia-noite desta quarta.

Na América Latina e no Caribe, onde já são mais de cinco milhões de casos e mais de 205.000 mortes, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou na terça-feira que a situação da COVID-19 no gigante sul-americano "permanece crítica".

A Argentina anunciou números recordes, na terça-feira, com 168 óbitos e 6.792 infecções. O país de 44 milhões de habitantes acumula quase 4.000 mortes e 213.000 casos de COVID-19. Esse novo aumento obrigou o governo a proibir reuniões sociais em todo território.

Depois de iniciar um desconfinamento gradual, o Peru passou dos 20.000 mortos ontem. Em meio à escalada de infecções, o país, com 33 milhões de habitantes, enfrenta o colapso dos hospitais.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump estava mais uma vez otimista, afirmando que "alguns indicadores mostram que nossos esforços incansáveis para conter o vírus realmente funcionam muito bem".

Nas últimas 24 horas, porém, o país registrou 1.302 novas mortes relacionadas à COVID-19, de acordo com o balanço mais recente da Universidade Johns Hopkins. Os Estados Unidos têm cerca de 4,7 milhões de casos.

- Desemprego -Economicamente, as consequências da pandemia são igualmente devastadoras em todos os países.

A companhia aérea Virgin Australia, como muitas outras vítima do colapso do setor de viagens, anunciou nesta quarta-feira que fechará uma de suas subsidiárias e cortará 3.000 vagas de trabalho.

A plataforma de reserva de hospedagem on-line Booking.com informou ontem que reduzirá em até 25% seu quadro total de funcionários, atualmente em cerca de 17.500.

O grupo britânico Pizza Express e a French Accor também anunciaram 1.000 cortes de vagas, ou mais, cada um.

O gigante americano do entretenimento Disney, cujas atividades em parques de diversões, cruzeiros, eventos afundaram 85% no segundo trimestre, decidiu apostar no streaming de conteúdo, como seu sucesso bastante esperado "Mulan".

Nos Estados Unidos, republicanos e democratas continuavam ontem suas discussões para chegar a um acordo sobre uma nova ajuda para os milhões de americanos que perderam seus empregos com a crise da COVID-19, assim como para empresas e coletividades locais.

- Respeito pelos protocolos -Enquanto isso, o trabalho continua sem pausa para se encontrar uma vacina.

A empresa de biotecnologia norte-americana Novavax, que recebeu US$ 1,6 bilhão de Washington para desenvolver uma imunização contra o novo coronavírus, anunciou na terça-feira que sua vacina experimental produziu altos níveis de anticorpos em dezenas de voluntários.

Já a Rússia prometeu "milhões" de vacinas até o início de 2021, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) insistiu na necessidade de se respeitar os protocolos.

"Qualquer vacina e qualquer medicamento para este fim devem estar submetidos a todos os testes e ensaios antes de serem aprovados para sua difusão", disse o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.

Os profissionais da saúde estão pagando um alto preço nesta crise global.

Na África do Sul, cerca de 24.000 profissionais foram infectados, e 181 morreram, desde o início da pandemia, anunciou o ministro da Saúde, Zweli Mkwize, nesta quarta-feira. Com mais de 520.000 casos confirmados e mais de 8.000 mortes, a África do Sul é o país mais afetado no continente africano.

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