Grécia pede reunião europeia por crescente tensão no Mediterrâneo com a Turquia
Atenas, 11 Ago 2020 (AFP) - A Grécia anunciou nesta terça-feira que vai pedir à União Europeia para convocar uma reunião de emergência para tratar da decisão da Turquia de prospectar o fundo do mar em busca de depósitos de gás no Mediterrâneo oriental, em uma área disputada pelos dois países.
A situação, já tensa nas últimas semanas, agravou-se na segunda-feira após o envio por Ancara de um navio de pesquisa sísmica, escoltado por navios militares, numa área disputada do Mediterrâneo e rica em reservas de gás.
Atenas, que denuncia a violação das fronteiras marítimas, vai "pedir uma cúpula de emergência do Conselho de Negócios Estrangeiros da União Europeia", declarou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.
"Instamos a Turquia a deixar a plataforma continental grega sem demora. Não aceitaremos o fato consumado", advertiu Nikos Dendias, o ministro das Relações Exteriores grego, na tarde desta terça-feira.
A descoberta, nos últimos anos, de importantes campos de gás no Mediterrâneo oriental aguçou o apetite dos países costeiros e aumentou as tensões entre a Turquia e a Grécia, ambos membros da OTAN, mas cujas relações são frequentemente afetadas por crises específicas.
Em resposta, o chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu, disse na terça-feira que Ancara iria expandir sua prospecção no Mediterrâneo oriental.
"A partir do final de agosto, vamos conceder licenças para novas pesquisas e prospecção em novas áreas, na parte oeste de nossa plataforma continental", disse Cavusoglu em entrevista coletiva em Ancara.
- "Muito preocupante" -Chamando a situação de "extremamente preocupante", a diplomacia europeia pediu nesta terça-feira "diálogo" entre os dois países.
"Os acontecimentos no terreno mostram que infelizmente é preciso fazer mais para acalmar as tensões", disse Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
A busca turca por hidrocarbonetos no leste do Mediterrâneo, especialmente na costa de Chipre, levantou preocupações não apenas da Grécia, mas de outros países como Israel e Egito.
Após alguns dias de suspensão em sinal de apaziguamento, o presidente Recep Tayyip Erdogan anunciou na sexta-feira a retomada das pesquisas, após a assinatura de um acordo marítimo entre Atenas e Cairo do qual Ancara não gostou nada.
Este acordo pretende delinear as fronteiras marítimas entre a Grécia e o Egito e parece ser uma resposta direta a outro acordo semelhante concluído em novembro entre a Turquia e o governo oficial da Líbia com sede em Trípoli.
Ancara afirma que depende de seu acordo com Trípoli para justificar seu direito de prospectar no Mediterrâneo oriental.
Na segunda-feira, Atenas avaliou que a presença do navio de pesquisa sísmica 'Oruç Reis' constitui "uma nova escalada grave" e acusa Ancara de "ameaçar a paz".
- Navios de guerra - A marinha grega localizou o 'Oruç Reis' a sudeste da ilha grega de Creta na terça-feira, escoltada por cinco navios militares turcos, que por sua vez são vigiados por navios de guerra gregos.
A Turquia especificou que o navio realizará suas pesquisas até 23 de agosto em uma área localizada ao largo da província turca de Antalya, entre as ilhas de Creta e Chipre.
Para Atenas, esta área faz parte do seu território marítimo devido à presença da pequena ilha de Kastellorizo em frente a Antalya.
jph-gkg-hec/lpt/af/mb
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