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Argentina irá produzir com México vacina da AstraZeneca para a América Latina, anuncia Fernández

12/08/2020 22h11

Buenos Aires, 13 Ago 2020 (AFP) - O presidente argentino, Alberto Fernández, anunciou nesta quarta-feira (12) que seu país e o México serão responsáveis pela produção e distribuição na América Latina, exceto no Brasil, da futura vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela aliança da Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca.

"O laboratório AstraZeneca fechou convênio com a Fundação Slim para produzir entre 150 e 250 milhões de vacinas destinadas a toda a América Latina com exceção do Brasil, que estarão disponíveis no primeiro semestre de 2021 e serão distribuídas de forma equitativa entre os países a pedido dos governos", declarou Fernández em entrevista coletiva.

"A produção latino-americana ficará a cargo da Argentina e do México, o que irá permitir um acesso oportuno e eficiente para todos os países da região", acrescentou, na residência oficial de Olivos. O Brasil não foi incluído porque tem um acordo separado.

O anúncio de Fernández foi feito após um encontro entre o presidente e representantes em Buenos Aires da AstraZeneca e da empresa de biotecnologia mAbxience, escolhida para a produção na Argentina. "Na Argentina, a AstraZeneca escolheu o laboratório mAbxience, que será o fabricante da substância ativa da vacina. É um reconhecimento da qualidade dos laboratórios argentinos. O México ficará encarregado de embalar a vacina e concluir o processo de produção", disse o presidente.

A intenção é abastecer a Argentina e outros países da América Latina a partir do primeiro semestre de 2021, de acordo com os resultados dos estudos de fase 3 e aprovações regulatórias. A possibilidade de produzir milhões de doses adicionais está sendo avaliada.

Fernández explicou que o acordo do laboratório anglo-sueco AstraZeneca com a Fundação Slim, que irá financiar a produção, "permite preços mais razoáveis", e estimou que o custo de cada dose será de 3 a 4 dólares. "Isto é muito significativo para a América Latina, pois permitirá que todos os nossos países tenham acesso à vacina."

O presidente argentino se comunicou com o colega mexicano, Andrés López Obrador, com quem dividiu "o entusiasmo de encarar conjuntamente o desenvolvimento e a fabricação da vacina", assinalou o governo.

- 'Um grande alívio' -

O presidente alertou que a produção da vacina "representa um grande alívio para o futuro, mas não é uma solução para o presente". A Argentina registra mais de 268 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus, das quais mais de 5 mil morreram, entre 44 milhões de habitantes.

"Estamos muito satisfeitos com este anúncio do governo argentino. É um exemplo do tipo de cooperação necessária em momentos como este", tuitou o embaixador britânico na Argentina, Mark Kent.

Os primeiros testes clínicos da vacina da AstraZeneca mostraram uma forte resposta imunológica e segurança para os pacientes. Sua eficácia deve ser estabelecida em um ensaio de fase 3, com um número muito maior de participantes, antes de se considerar sua comercialização em larga escala.

O ministro da Saúde argentino, Ginés González García, esclareceu que este acordo não é o único que a Argentina contempla: "Não é a única negociação nem a única alternativa. Nosso país está fazendo outra experiência clínica com outro fornecedor e estamos conversando com mais outros", afirmou.

Fernández enviou ontem uma carta ao colega russo, Vladimir Putin, cumprimentando o mesmo por ter anunciado uma vacina contra o vírus, considerando a notícia "um feito que ficará nas páginas indeléveis da história da medicina mundial".

Cerca de 200 projetos de vacina estão em desenvolvimento, entre eles 23 que se encontram na fase clínica, em que são testados em pessoas.

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