Normalização com Israel: qual poderia ser o próximo país árabe?
Dubai, 11 Set 2020 (AFP) - Cerca de um mês após a decisão dos Emirados Árabes de normalizar suas relações com Israel, um acordo semelhante foi anunciado nesta sexta-feira (11) entre o Barein, outra monarquia árabe do Golfo, e o estado hebreu.
Quando esteve em Israel no mês passado, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, mostrou-se "otimista" com a ideia de que "outros países árabes" normalizariam suas relações com o Estado hebreu, depois de registrada a decisão dos Emirados, anunciada em 13 de agosto.
Antes dos dois países do Golfo, Egito e Jordânia já tinham estabelecido relações oficiais com Israel, respectivamente em 1979 e 1994.
A Arábia Saudita, por sua vez, descartou a normalização das relações bilaterais antes que um acordo de paz seja alcançado entre Israel e os palestinos.
- Omã -Omã saudou rapidamente o acordo entre Israel e os Emirados. No entanto, o país reiterou seu apego aos "direitos" dos palestinos de ter um "estado com Jerusalém Oriental como capital".
Tão próximo dos Estados Unidos quanto do Irã, que é inimigo de Washington, Omã apostou na carta da neutralidade e da mediação em meio a conflitos regionais. Em 2018, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez uma visita a Muscat, capital de Omã.
Sultan Haitham, que substituiu o falecido Qabus em janeiro passado, "não se arriscaria a uma virada tão polêmica por enquanto", ressaltou Cinzia Bianco, pesquisadora do Conselho Europeu de Relações Internacionais.
- Catar -O Catar, próximo do Irã e diplomaticamente distante dos Emirados, não reagiu ao acordo de normalização com Israel.
O Catar hospedou um escritório comercial israelense de 1996 a 2000 e não esconde seus contatos com o estado hebraico. Está envolvido na Faixa de Gaza por causa da sua proximidade com o movimento islâmico palestino Hamas, que controla este enclave sob bloqueio israelense.
Em 2019, o Catar, assim como a ONU e o Egito, favoreceram uma trégua entre Israel e o Hamas, prevendo a autorização por parte do estado hebreu para a entrada de ajuda financeira do Catar à Faixa de Gaza.
"Agora que o Catar está cooperando com Israel para apoiar a causa palestina (...), não normalizará suas relações enquanto o processo de paz continuar bloqueado", explica Andreas Krieg, analista da King's College London.
- Kuwait -Aliado dos Estados Unidos, o Kuwait sempre foi contra a normalização. Grupos políticos e organizações da sociedade civil denunciaram o acordo entre os Emirados e Israel, embora outros o tenham defendido.
A normalização com o Estado hebreu, no entanto, é pouco provável, já que o Parlamento "capitaliza a hostilidade com Israel para reivindicar seu lugar como porta-voz do povo", afirmou Bianco.
- Sudão -O Sudão foi mencionado por analistas como possível próximo país a seguir o exemplo dos Emirados, mas, no dia 25 de agosto, como parte de uma visita de Pompeo à capital do país, Cartum, autoridades daquele país decepcionaram as esperanças de israelenses e americanos, ao descartarem uma eventual normalização com Israel antes do final da transição política, em 2022.
Em fevereiro, Netanyahu se encontrou em Uganda com Abdel Fattah al-Burhane, chefe do Conselho soberano no poder no Sudão. O governo sudanês negou que a questão da "normalização" tenha sido abordada.
O Sudão, que enfrenta uma crise econômica, está na lista negra dos Estados Unidos de países apoiadores do terrorismo, e uma eventual normalização com Israel poderia ajudar na retirada do país da mesma.
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