Relatório do Congresso denuncia 'deficiências' médicas em prisões migratórias nos EUA
Um relatório do Comitê de Segurança Interna da Câmara dos Representantes denunciou hoje as "deficiências" de atendimento médico nas prisões para migrantes nos Estados Unidos e os obstáculos no acesso a representação legal para os detidos.
"Os detidos frequentemente sofrem com cuidados médicos, odontológicos e mentais deficientes", alertou o relatório, publicado uma semana depois de uma ex-funcionária de um centro de detenção ter relatado uma quantidade excessiva de remoções uterinas em uma prisão do sul dos Estados Unidos.
O documento é resultado das visitas do comitê, em meados de 2019, a oito centros representativos dos mais de 200 utilizados pelo Serviço de Imigração (ICE), onde vivem cerca de 20 mil detidos.
O relatório, para o qual foram entrevistados 400 migrantes, denunciou que esses estabelecimentos costumam mostrar "indiferença" aos cuidados físicos e mentais dos detidos.
Em um centro os detidos reclamaram que havia água parada no solo, criando "condições insalubres e um terreno fértil para os mosquitos".
No entanto, "vários funcionários desses centros desconsideraram a gravidade das tentativas de suicídio" dos migrantes.
Também foram encontradas "evidências de que os problemas médicos dos detidos continuam sem tratamento".
O comitê advertiu que as políticas de "segregação e retaliação" foram usadas nos centros de detenção em violação dos padrões permitidos.
"Uma das reclamações mais frequentes que os membros do comitê ouviram é que os detidos enfrentam obstáculos significativos para obter informações sobre seu caso", apontou o relatório.
O comitê destacou ainda que os centros por vezes pediam a presença de um guarda por "precaução" e que isso dificultava as entrevistas. O ICE rejeitou as demandas dos detidos que pediram para falar com os investigadores, acrescentou.
Desde o início da pandemia, seis imigrantes morreram nesses centros de detenção e mais de 6.000 contraíram covid-19, de acordo com dados do ICE.
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