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Austrália: equipes correm contra o tempo para salvar 200 baleias encalhadas

Oficiais da marinha tentam plano de resgate de centenas de baleias que estão encalhadas no sul da Austrália. 25 já morreram - TASMANIA POLICE / AFP
Oficiais da marinha tentam plano de resgate de centenas de baleias que estão encalhadas no sul da Austrália. 25 já morreram Imagem: TASMANIA POLICE / AFP

22/09/2020 10h52

Quase 90 baleias-piloto morreram e quase 200 permanecem encalhadas em uma baía da Tasmânia, no sul da Austrália, onde a operação de resgate prossegue e o tempo é cada vez mais curto.

"Ao menos 25 mamíferos foram liberados até o momento", anunciou um dos coordenadores do resgate.

Os cientistas informaram que dois grupos desta espécie de cetáceos encalharam em bancos de areia de Macquarie Harbour, uma baía fechada por uma passagem estreita na costa oeste selvagem e pouco habitada da Tasmânia.

Os vídeos mostram os mamíferos se esforçando para escapar das águas pouco profundas. As lanchas e embarcações dos socorristas navegam ao redor para tentar ajudar as baleias a flutuar. Algumas fotografias mostram mergulhadores a poucos metros dos cetáceos.

Kris Carlyon, biólogo que trabalha para o governo, disse que quase um terço dos 270 animais morreu na segunda-feira à noite e que salvar as baleias-piloto constitui um "desafio" que pode demorar dias, sobretudo porque para se aproximar delas é necessário usar um barco.

Nesta terça-feira os esforços começaram a apresentar resultados e pelo menos 25 animais resgatados e acompanhados até alto-mar com barcos, informou Nic Deka, outro coordenador da operação.

Baleias encalhadas são relativamente frequentes na Tasmânia, mas o problema atual é preocupante pela grande quantidade de animais afetados.

Quase 60 pessoas participam na operação de resgate, muito complicada pelo frio e a maré irregular.

Carlyon explicou que muitas baleias, que estão parcialmente sob a água, devem conseguir sobreviver por vários dias e que o clima, desagradável para os seres humanos, joga a favor dos mamíferos marinhos.

"O tempo está ruim para as pessoas, mas para os cetáceos é ideal por causa da umidade e do frio", disse.

Os socorristas terão que selecionar os animais que pretendem salvar e concentrar-se nos que estão mais acessíveis e parecem mais saudáveis.

A maioria dos cetáceos em um grupo de 30 encalhados em uma praia morreu na segunda-feira. E desde então quase 60 morreram presos em bancos de areia.

"É inevitável perder outros", advertiu Carlyon, que prometeu uma avaliação precisa na quarta-feira com o o uso de câmeras infravermelhas.

- Armadilha frequente -Quando os cetáceos, considerados animais sociais, conseguem flutuar, o outro desafio passa a ser ajudar que evitem os bancos de areia de Macquarie Harbour para que alcancem alto-mar.

Os cientistas não conseguem explicar os encalhes em larga escala. Provavelmente o grupo se perdeu em uma aproximação da costa para caçar ou acompanhando um ou dois cetáceos que encalharam.

Karen Stockin, especialista em mamíferos marinhos da Universidade de Massey, na Nova Zelândia, explica que a Tasmânia é um local frequente de encalhe para baleias-piloto, uma espécie que não é considerada ameaça.

"Parece ser uma armadilha conhecida para as baleias. Acontecem encalhes frequentes na região", declarou à AFP.

Embora as baleias-piloto sejam consideradas cetáceos resistentes, os socorristas lutam contra o tempo. Os riscos para os mamíferos incluem a incapacidade de resfriar o corpo, a deterioração muscular ou o esmagamento de alguns órgãos devido pelo contato prolongado com o fundo.

Sua natureza social também pode ser prejudicial, porque alguns animais liberados podem tentar permanecer com o grupo e encalhar novamente.

O tempo é um elemento crucial. "Quanto mais rápida a operação de resgate, maiores serão as possibilidades de sobrevivência", conclui.