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Psiquiatra diz que Assange relata ouvir vozes na prisão e teme por vida

Fundador do WikiLeaks, Julian Assange está preso na Inglaterra e pode ser extraditado para EUA - HENRY NICHOLLS
Fundador do WikiLeaks, Julian Assange está preso na Inglaterra e pode ser extraditado para EUA Imagem: HENRY NICHOLLS

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, diz escutar vozes e música na prisão e apresenta um comportamento suicida, disse um psiquiatra hoje, durante uma audiência em um tribunal de Londres sobre o pedido de extradição aos Estados Unidos.

O australiano, de 49 anos, apresenta um risco "muito alto" de suicídio se for extraditado para os Estados Unidos, onde seria julgado pela divulgação de centenas de milhares de documentos confidenciais, declarou ao tribunal Michael Kopelman, que se reuniu quase 20 vezes com Assange.

O especialista mencionou que detectou uma "depressão severa" e "sintomas psicóticos" em Assange como, por exemplo, alucinações auditivas em sua cela na prisão de segurança máxima de Belmarsh, perto de Londres.

Julian Assange contou ao psiquiatra que ouve vozes que dizem: "Você é pó, está morto, viemos te buscar". As condições de prisão do fundador do Wikileaks já foram denunciadas pelo relator da ONU sobre a tortura.

Os instintos suicidas de Assange têm origem em "fatores clínicos", mas "a iminência da extradição ativará as tentativas de suicídio", segundo o psiquiatra, que acredita que seu estado se "deteriorará consideravelmente" se for transferido aos Estados Unidos.

A companheira de Assange, Stella Moris, também expressou o medo de que ele tire a própria vida e deixe seus dois filhos sem pai.

James Lewis, representante do governo americano, fez várias perguntas a Kopelman sobre a veracidade de algumas afirmações de Assange e sugeriu que elas podem ter sido inventadas.

O fundador do Wikileaks foi preso em abril de 2019, depois de passar sete anos na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou por medo de uma extradição aos Estados Unidos.

A justiça dos Estados Unidos o acusa de espionagem por divulgar, em 2010, mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, especialmente no Iraque e Afeganistão, que revelaram atos de tortura, mortes de civis e outros abusos.

Assange pode ser condenado a 175 anos de prisão se a justiça americana o declarar culpado.

A justiça britânica deve decidir se o pedido de extradição dos Estados Unidos respeita todos os critérios legais ou se é desproporcional e incompatível com os direitos humanos.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado no título, o psiquiatra de Julian Assange foi quem fez o relato na audiência, e não Assange. A informação foi corrigida.