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Cepal/OCDE: transformação digital é importante para recuperação pós-pandemia na América Latina

24/09/2020 14h14

Nações Unidas, Estados Unidos, 24 Set 2020 (AFP) - A transformação digital é fundamental para acelerar a recuperação pós-pandemia na América Latina e no Caribe, uma das regiões mais atingidas pelo coronavírus e que hoje apresenta desigualdade de acesso às tecnologias, alertou nesta quinta-feira um relatório conjunto de agências de cooperação internacional.

O relatório "Perspectivas Econômicas para a América Latina, transformação digital para uma melhor reconstrução", produzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e pela Comissão Europeia, foi lançado nesta quinta-feira no âmbito da 75ª Assembleia Anual das Nações Unidas.

O relatório confirma o forte golpe econômico da pandemia na América Latina e no Caribe, que neste ano registrará uma queda em seu produto interno bruto (PIB) de 9,1%, segundo estimativas.

A crise atinge principalmente as microempresas: cerca de 2,7 milhões delas devem fechar as portas por conta das restrições sanitárias, gerando a perda de 8,5 milhões de empregos.

"Ao entrar nesta crise, 40% dos trabalhadores nas economias latino-americanas não tinham acesso a nenhuma forma de proteção social e 60% trabalham informalmente", disse o relatório.

Além disso, prevê-se que mais de 45 milhões de pessoas cairão na pobreza.

"A crise socioeconômica torna um novo modelo de desenvolvimento mais urgente do que nunca. A digitalização pode ser uma ferramenta poderosa para superar os desafios estruturais da região", comentou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, na apresentação do relatório.

"Os países com maior preparação digital serão os primeiros a sair da crise", disse Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE.

O caminho para a transformação digital parece, no entanto, complexo, devido ao acesso desigual da região às novas tecnologias.

Em 2018, 68% da população da América Latina as usava regularmente, quase o dobro de 2010, mas bem abaixo da média da OCDE de 84%.

Além disso, enquanto 75% da população mais rica da América Latina usa a Internet, apenas 37% da população mais pobre o faz.

Nesse contexto, o relatório exorta os países a eliminar a lacuna no acesso à Internet como um primeiro passo para promover a transformação digital.

A Cepal propõe, entre outras medidas, a entrega de uma "cesta básica digital" que inclui smartphones, laptops e acesso à internet, que teria um custo equivalente a 1% do PIB regional.

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