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Situação "preocupante" na Europa apesar das restrições para frear a pandemia

24/09/2020 10h05

Bruxelas, 24 Set 2020 (AFP) - O tempo é cada vez mais curto se os países europeus não quiserem viver novamente a situação de saúde registrada em março, afirmou nesta quinta-feira a União Europeia (UE), coincidindo com novas medidas de restrição na Espanha, França e Reino Unido, que em alguns casos esbarram na revolta de seus cidadãos.

Nas palavras da comissária de Saúde do bloco, Stella Kyriakides, os Estados membros devem reforçar "imediatamente" as medidas de controle e proteção para frear uma segunda onda da pandemia.

"Talvez seja a última chance de evitar a repetição da situação da primavera passada" (hemisfério norte), afirmou a comissária, que considera a situação "realmente preocupante".

"Não podemos baixar a guarda. Esta crise não foi superada", insistiu, antes de recordar que o inverno, que começará em breve na Europa, "é o período do ano em que temos mais doenças respiratórias".

Na mesma linha, o Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) afirmou nesta quinta-feira que sete países da UE (Espanha, Romênia, Bulgária, Croácia, Hungria, República Tcheca e Malta) registram uma evolução da pandemia de covid-19 que provoca uma "grande preocupação" e um risco elevado de mortalidade.

Estes países mostram uma "proporção mais elevada de casos graves ou de hospitalizações", com uma alta da mortalidade "constatada" ou que "pode acontecer em breve".

No total, a Europa superou a marca de cinco milhões de contágios de covid-19 e a pandemia matou quase 228.000 pessoas no continente.

Em todo o mundo, a pandemia provocou mais de 978.000 mortes desde o fim de dezembro e infectou quase 32 milhões de pessoas, de acordo com um balanço da AFP com base em números oficiais dos países.

- Restrições ou abismo -Kyriakides destacou que a flexibilização das medidas de controle durante o verão europeu levou a "um aumento do número de casos".

O mesmo aconteceu em Israel, que respeitou durante meses um confinamento que conseguiu frear a pandemia, mas viu uma disparada dos números com a flexibilização das restrições. O cenário levou o governo decidir por um confinamento mais severo.

"Se não tomarmos medidas imediatas e estritas vamos cair em um abismo", afirmou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

A partir de sexta-feira às 14H00 (8H00 de Brasília) as sinagogas permanecerão fechadas, exceto para o Yom Kippur (Dia do Perdão, celebrado no domingo à noite e segunda-feira), apenas os setores de trabalho considerados "essenciais" poderão seguir funcionado e as reuniões a céu aberto serão limitadas a 20 pessoas e a menos de um quilômetro da residência.

As autoridades também estão avaliando o fechamento do aeroporto internacional Ben Gurion de Tel Aviv.

As medidas anunciadas pelo governo de Netanyahu foram criticadas em Israel, como acontece em outros países que adotam restrições ante a segunda onda.

Na França, as prefeituras de Paris e Marselha expressaram descontentamento com os anúncios de quarta-feira do governo para frear o aumento de casos.

A cidade de Marselha, particularmente afetada pelo novo coronavírus, chamou de "afronta" o anúncio do fechamento de todos os bares e restaurantes a partir de sábado. Um representante local classificou a medida de "castigo coletivo".

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, também expressou irritação com a ideia de fechar as academias e instalações esportivas e permitir que os bares permaneçam abertos apenas até 22H00.

As medidas anunciadas "são difíceis de entender", disse Hidalgo.

A França registrou 13.000 novos casos nas últimas 24 horas e os hospitais começam a entrar em uma situação preocupante.

O aumento dos novos casos também é vertiginoso na Espanha, Rússia e Reino Unido.

O ministro das Finanças da Grã-Bretanha, Rishi Sunak, anunciou nesta quinta-feira novas medidas para apoiar a economia e o emprego, principalmente subsídios a quem trabalha em tempo parcial, ante a aceleração da pandemia, que pode asfixiar a frágil recuperação.

Em Bruxelas, os líderes europeus expressaram preocupação com os protestos e a revolta de parte da população com as medidas de restrição e fizeram um apelo aos governantes para que lutem contra a "desinformação" e as notícias falsas, que aumentam a confusão no continente.

- Jogos Olímpicos com ou sem vacina -O continente americano permanece como o mais afetado pela covid-19. Estados Unidos, país mais enlutado do planeta, registra um balanço de 201.910 mortes e quase sete milhões de contágios. Na América Latina e Caribe foram contabilizadas 330.403 vítimas fatais e 8,4 milhões de contágios.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recordou que Brasil, Peru, Colômbia, México e Argentina continuam entre os 10 primeiros países com o maior número de contágios do mundo.

Carissa Etienne, diretora da OPAS, unidade regional da OMS, advertiu que a covid-19 seguirá em propagação, mesmo com uma vacina, e pediu aos países que se preparem para imunizar a população sem baixar a guarda.

Nesta quinta-feira, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, afirmou que os Jogos de Tóquio, adiados de 2020 para 2021, podem ser disputados mesmo sem o desenvolvimento de uma vacina.

"O esporte retorna lento, mas seguro, no mundo, celebrou Bach. "Eventos muito complexos como a Volta da França, que terminou no domingo, mostraram ao mundo que eventos esportivos podem ser organizados, mesmo sem a vacina", completou.

burs-bl/es/fp