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EUA revoga prêmio a jornalista finlandesa após tuíte sobre Trump

25/09/2020 14h13

Washington, 25 Set 2020 (AFP) - Os Estados Unidos rescindiram um prêmio para uma jornalista finlandesa que informou sobre a propagação de desinformação russa, depois de ver publicações dela em redes sociais, nas quais criticava o presidente Donald Trump - conforme uma revisão interna publicada nesta sexta-feira (25).

O inspetor-geral do Departamento de Estado indicou que o secretário de Estado, Mike Pompeo, tinha concordado em conceder o prêmio International Women of Courage, entregue em março de 2019 à jornalista Jessikka Aro, pelo Dia Internacional da Mulher.

Um telegrama da embaixada dos EUA em Helsinki havia informado sobre o prêmio, destacando seu trabalho de exposição das "campanhas de desinformação perpetuadas pela máquina de propaganda das redes sociais da Rússia". Ela recebeu ameaças de morte pela reportagem.

Depois de ser notificada do prêmio, mas antes da cerimônia, o Departamento de Estado "descobriu as postagens da sra. Aro nas redes sociais que criticavam o presidente", aponta o relatório do inspetor-geral, informando que então "decidiu rescindir o prêmio à Sra. Aro".

O inspetor-geral não encontrou nenhum incidente criminal e disse que a seleção dos ganhadores do prêmio cabia exclusivamente ao Departamento de Estado.

O relatório ressaltou que, de forma incorreta, o Departamento de Estado negou aos jornalistas e ao Congresso que as postagens de Aro nas redes sociais fossem o problema, falsamente alegando que ela havia sido informada por engano sobre ser a ganhadora do prêmio.

Robert Menendez, um dos senadores democratas que pediram a investigação, disse que Pompeo "deveria ter homenageado uma jornalista corajosa disposta a enfrentar a propaganda do Kremlin".

"Em vez disso, seu Departamento procurou sufocar a dissidência para evitar perturbar um presidente que, dia após dia, tenta seguir o manual de Putin (do presidente russo Vladimir)", afirmou Menéndez, o principal democrata no Comitê de Relações Exteriores do Senado.

"O Departamento de Estado deve desculpas à Sra. Aro", informou ele em comunicado.

Entre as postagens apontadas pela reportagem, Aro retuitou um artigo do Boston Globe sobre ameaças a jornalistas e observou como Trump frequentemente reclama de "notícias falsas".

Em outro tuíte, ela afirma que uma "fábrica russa de trolls" estava organizando comícios pró-Trump quando ele visitou Helsinque para se encontrar com Putin. A jornalista também aprovou os protestos contra os dois presidentes.

Após a cúpula ocorrida em 2018, Trump enfrentou muitas críticas por parecer aceitar as negações de Putin - ao contrário do que aponta a Inteligência americana - às acusações de que a Rússia teria interferido nas eleições de 2016 nos EUA.

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