Alerta da OMS de possíveis 2 milhões de mortos pela covid-19 não impede sonho olímpico do Japão
Genebra, 26 Set 2020 (AFP) - O mundo pode registrar mais de dois milhões de mortes de coronavírus se não forem adotadas medidas para conter a propagação do vírus, alertou a OMS, enquanto surgem novos pedidos na comunidade internacional para que uma possível vacina seja compartilhada.
Apesar de a pandemia não apresentar sinais de desaceleração, o novo primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga afirmou na sexta-feira de maneira desafiante que seu país está decidido a celebrar em 2021 os adiados Jogos Olímpicos de Tóquio.
Mais de 993.000 pessoas morreram e 32,5 milhões se contagiaram com a covid-19, segundo o balanço da AFP com base em dados oficiais na manhã deste sábado, depois de a Argentina somar 3.500 mortes não notificadas, o que eleva seu saldo para mais de 18.000 mortos.
"Um milhão é um número terrível e temos que refletir sobre isso antes de começar a considerar um segundo milhão", disse à imprensa o diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, quando questionado sobre o quanto mais o número de mortes poderia aumentar.
"Estamos preparados coletivamente para fazer o necessário e evitar esse número? Se não fizermos essas ações... sim, observaremos esse número e infelizmente um muito mais alto", alertou.
A pandemia multiplicou os esforços para obter uma vacina, com onze candidatas na fase final dos ensaios clínicos, assim como também a polêmica sobre quem receberá primeiro essas tão esperadas doses em caso de algum projeto se concretizar.
"Seja quem for que encontrar a vacina, deve compartilhá-la... é uma responsabilidade mundial e é uma responsabilidade moral", disse o primeiro-ministro australiano Scott Morrison na sexta-feira em um discurso virtual na Assembleia Geral da ONU.
- Japão insiste com Jogos Olímpicos -Estados Unidos, o país mais afetado do mundo, supera os sete milhões de casos, mais de um quinto do total de infectados, apesar de representar apenas 4% da população mundial.
Na América Latina e Caribe, já foram registrados mais de 338.000 mortes e nove milhões de contágios. O Brasil é o país mais afetado da região, com cerca de 4,7 milhões de casos, e foi obrigado a suspender os desfiles de escola de samba do carnaval do Rio de Janeiro em 2021.
A pandemia interrompeu este ano todo o calendário de eventos esportivos e culturais no mundo, incluindo os Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados para 2021 e que o Japão afirmou estar determinado a realizar com ou sem vacina.
"No verão do próximo ano, o Japão está decidido a hospedar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio como prova de que a humanidade derrotou a pandemia", disse o novo primeiro-ministro japonês na ONU em seu primeiro discurso internacional desde que assumiu o cargo na semana passada.
"Não medirei esforços para dar-lhes as boas-vindas aos Jogos que serão seguros e confiáveis", acrescentou Suga em uma mensagem de vídeo.
Os contínuos picos de infecção em nível global levantam dúvidas sobre se será possível realizar o evento em 2021, com a inauguração prevista para 23 de julho.
- Restrições e protestos na Europa -Na Europa, que registra mais de 230.000 mortes e onde vários países começam a enfrentar a temida segunda onda da pandemia, as restrições voltaram e a população protesta.
A Espanha, com mais de 700.000 casos, é o país da União Europeia com a pior incidência do vírus nas últimas duas semanas, com cerca de 300 casos a cada 100.000 habitantes. Em Madri, a taxa dispara para quase 750 casos por 100.000 habitantes.
Na França, os casos diários superaram pela primeira vez os 16.000, em um claro indicador do ressurgimento do vírus, e o governo não descarta um "reconfinamento", alertou o primeiro-ministro Jean Castex.
bur-mar/me/aa
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