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Primeiro-ministro libanês designado renuncia à formação de governo

26/09/2020 12h47

Beirute, 26 Set 2020 (AFP) - O primeiro-ministro libanês designado anunciou, neste sábado (26), que renuncia formar um novo governo, em um momento em que cresce a pressão internacional para substituir o ministro que renunciou após a gigantesca e mortal explosão no porto de Beirute em 4 de agosto.

"Peço desculpas por não poder seguir com a tarefa de formar governo", declarou Mustapha Adib em um discurso televisionado, após longas negociações para escolher uma equipe governamental aprovada pelas diferentes forças políticas rivais do país.

A comunidade internacional aumentou sua pressão sobre as autoridades do Líbano, para que realizem as reformas necessárias para tirar o país da grave situação econômica em que se encontra há meses.

Os líderes políticos libaneses prometeram em 1o de setembro ao presidente francês, Emmanuel Macron, que formariam um novo governo em 15 dias.

O processo, no entanto, está paralisado devido às divergências sobre a atribuição dos ministérios.

Os principais obstáculos são o movimento xiita armado Hezbollah - um peso pesado da política local - e seu aliado Amal, liderado pelo líder do Parlamento, Nabih Berri, que exigem o Ministério das Finanças.

Os demais partidos e o ex-primeiro-ministro sunita Saad Hariri rejeitam esse pedido.

"Quando os esforços para formar governo estavam perto de seu fim, vi claramente que não existia mais consenso e que uma equipe com os critérios que estabeleci já estava condenada ao fracasso", justificou Adib em seu discurso.

O governo libanês renunciou dias após a devastadora explosão que destruiu bairros inteiros de Beirute e deixou mais de 190 mortos e cerca de 6.500 feridos.

- Fim da iniciativa francesa? -Por sua vez, o presidente Michel Aoun "aceitou", neste sábado, a decisão de Adib e afirmou que "tomará as medidas apropriadas conforme as exigências da Constituição" para designar um novo primeiro-ministro.

"A iniciativa lançada pelo presidente francês Emmanuel Macron continua e tem todo o meu apoio", destacou Aoun em referência ao plano traçado pela França para ajudar o país a sair de sua crise.

Mustapha Adib concordou com isso, ao afirmar que essa iniciativa "deve continuar porque manifesta a intenção sincera do Estado francês amigo e do presidente Macron em pessoa de apoiar o Líbano".

A França pediu, na quarta-feira, aos parceiros do Líbano para exercer "pressões fortes e convergentes" ao lado de Macron para incentivar a formação de um novo governo.

O ex-primeiro-ministro Saad Hariri, que deixou o poder em outubro passado por pressão popular, alertou "aos que aplaudem o fracasso da iniciativa do presidente francês Emmanuel Macron" que se "lamentarão" por isso.

"Quanta irresponsabilidade, quando o que está em jogo é o futuro do Líbano!", exclamou o coordenador especial da ONU para este país, Jan Kubis.

O Líbano atravessa há um ano uma das piores crises econômicas, sociais e políticas de sua história, marcada por uma forte desvalorização de sua moeda nacional, hiperinflação e um empobrecimento em grande escala da população.

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