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Trump pede que Biden faça um teste de drogas antes ou depois do primeiro debate

27/09/2020 15h53

Washington, 27 Set 2020 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar neste domingo (27) a agilidade mental de seu adversário democrata na disputa pela Casa Branca, Joe Biden, exigindo que o ex-vice-presidente de Barack Obama faça um teste de drogas antes ou depois do primeiro debate entre ambos na terça-feira.

"Pedirei insistentemente um teste de drogas para Joe 'o Dorminhoco' antes ou depois do debate de terça-feira à noite", escreveu o presidente no Twitter. "Naturalmente aceitarei fazer um também".

O debate de terça-feira em Cleveland - o primeiro de três de 90 minutos de duração - representa a primeira vez que eleitores terão a chance de ver os candidatos se enfrentando diretamente, a pouco mais de um mês das eleições de 3 de novembro, que prometem ser tensas e acirradas.

Biden chegará ao debate com uma ligeira vantagem nas pesquisas, mas com uma famosa propensão a cometer gafes e uma falta de agilidade nas palavras que o fez reconhecer no sábado que o embate com Trump será "difícil".

No centro do choque televisionado estará a gestão da crise da covid-19, responsável por mais de 204.000 mortos nos Estados Unidos e pela alta do desemprego no país, que atingiu duramente as minorias afro-americana e latina.

O político democrata, que devido à pandemia realiza uma campanha discreta, com poucos eventos e exposição, estará sob forte pressão.

Este primeiro debate será moderado pelo jornalista Chris Wallace, da emissora conservadora Fox News.

Trump não deixa de criticar seu adversário de 77 anos, afirmando que Biden sofre de algum tipo de deterioração cognitiva por conta da idade.

"Suas atuações nos debates foram DESIGUAIS a níveis recordes, para dizê-lo suavemente. Somente as drogas poderiam causar esta discrepância???", escreveu nas redes sociais o presidente, sem dar qualquer tipo de prova ou exemplo.

Trump também afirma que Biden, um político de longa trajetória na ala moderada do Partido Democrata, é uma "marionete" da esquerda radical.

- "Um mentiroso" -"Ele é como Goebbels", respondeu no sábado Biden, comparando o presidente ao chefe da propaganda nazista, Joseph Goebbels. "Quando você repete uma mentira várias vezes, ela acaba se tornando um fato incontestável".

"As pessoas sabem que o presidente é um mentiroso", completou.

Já Trump chega ao duelo após indicar Amy Coney Barrett, uma juíza conservadora, para a vaga na Suprema Corte dos Estados Unidos deixada pela magistrada progressista Ruth Bader Ginsburg, que faleceu na semana passada.

Com a indicação desta católica praticante de 48 anos e mãe de sete filhos, famosa pela oposição ao aborto, Trump espera mobilizar o voto da direita religiosa, que o ajudou a ganhar há quatro anos a presidência, e minimizar o prejuízo nas pesquisas.

Neste domingo, em entrevista à Fox News, o presidente reiterou a confiança de que o Senado, de maioria republicana, confirmará "facilmente" a indicação de Barrett antes das eleições.

Biden acusou neste domingo o rival republicano de querer colocar uma juíza conservadora na Suprema Corte para "eliminar" em plena pandemia o seguro de saúde Obamacare. O democrata também exigiu que o Senado ignore a indicação de Trump até após as eleições de novembro.

As audiências para a confirmação de Barrett, que começarão em 12 de outubro, serão determinantes durante a campanha até a nomeação da juíza, que os republicanos esperam concluir a poucos dias das eleições.

A decisão de Trump de indicar rapidamente um substituto para Ginsburg na Suprema Corte gerou indignação entre os democratas, que, sem chances de impedi-la, tentam usá-la a seu favor para mobilizar o eleitorado.

"O remédio contra tudo que [Trump] está fazendo é o voto", afirmou neste domingo à CNN a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.

- Disputa pelo voto latino -Apesar de Biden contar com uma vantagem nas pesquisas a nível nacional, com 49,6% das intenções de voto contra 42,9% para Trump, segundo a RealClearPolitics, a batalha nos estados-chave promete ser acirrada.

Estas eleições terão um número recorde de latinos habilitados para votar, com 32 milhões de eleitores hispanos, que representam 13,3% do total.

Entre os latinos, a vantagem de Biden é clara (65% contra 36% para Trump). Na Flórida, porém, a diferença diminuiu consideravelmente.

Neste estado-pêndulo crucial, com um colégio eleitoral de 29 delegados, Biden tem uma leve vantagem de 48,7% das intenções de voto contra 47,4% para Trump, ainda segundo a RealClearPolitics.

No entanto, entre latinos, é Trump que aparece à frente nas pesquisas com 50% das intenções de voto contra 46% para Biden, devido ao forte apoio dos cubanos, revelou uma pesquisas da emissora NBC News.

Para a Flórida, a estratégia de Trump é apostar todas as fichas no sentimento anti-comunista da população, afirmando que Biden é socialista.

Já o candidato democrata busca aproveitar a rejeição provocada pelo presidente por sua gestão do furacão Maria, que deixou 3.000 mortes em Porto Rico, para somar votos entre a comunidade da ilha que imigrou após o desastre.

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