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Macron se encontrará com líder opositora bielorrussa na Lituânia na terça-feira

28/09/2020 19h26

Vilnius, 28 Set 2020 (AFP) - O presidente francês, Emmanuel Macron, que chegou a Vilnius nesta segunda-feira, reafirmou a sua determinação em trabalhar com os seus parceiros europeus para a mudança de regime em Belarus e anunciou que irá se encontrar amanhã com a líder opositora Svetlana Tijanóvskaya.

Macron será o primeiro líder ocidental de alto escalão a se encontrar com a líder da oposição bielorrussa, exilada em Vilnius, dirigindo-se a "toda a sociedade civil bielorrussa" através dela, disse ele.

No domingo, na véspera de sua visita de três dias à Lituânia e à Letônia, Macron pediu a saída do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, apoiado por Vladimir Putin.

Macron disse na noite de segunda-feira, após encontro com o seu homólogo lituano Gitanas Nauseda, que, a pedido da Europa, a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) tentaria a mediação, em acordo com a Rússia.

"Não reconhecemos a eleição do presidente Lukashenko. Nossa vontade como europeus é iniciar essa mediação que nos permita extrair todas as consequências dos resultados das urnas e de uma transição pacífica", declarou.

"Verei Svetlana Tijanóvskaya como uma figura importante" na sociedade civil, disse ele, elogiando sua "coragem pessoal".

"A OSCE conduzirá essa mediação com a maior firmeza possível. Vladimir Putin expressou seu acordo e apoio a esta iniciativa, ele tem que nos ajudar a convencer Lukashenko nessa direção", disse ele.

-Vizinhança-A França, junto com a Lituânia e a Letônia, também propôs à UE um plano para proteger as eleições de ataques cibernéticos e desinformação na Europa, ele anunciou.

Os países ocidentais costumam acusar a Rússia de estar por trás dessas ações.

Os três países solicitam um mecanismo conjunto de proteção eleitoral, total transparência na publicidade política e nos meios de identificação e uma proibição mais estrita do financiamento de partidos europeus por interesses estrangeiros.

Nesta segunda-feira, em entrevista à AFP, Svetlana Tijanóvskaya pediu ao presidente francês para desempenhar o papel de mediador para resolver a crise política em Belarus.

"Precisamos desesperadamente de mediação para evitar que mais sangue seja derramado. O senhor Macron pode ser esse mediador, junto com os líderes de outros países. Ele pode influenciar Putin, com quem tem boas relações", disse Tijanóvskaya à AFP.

A Lituânia, que juntamente com outros Estados bálticos lançou um procedimento de sanções contra personalidades bielorrussas, espera o apoio do presidente francês.

"Porque é uma mulher" -Lukashenko, citado pela agência oficial Belta, respondeu ao presidente francês que "seguindo essa lógica, ele deveria ter renunciado há dois anos por causa [do movimento social] dos coletes amarelos" na França. "Os coletes amarelos ainda estão nas ruas, mas surpreendentemente Macron ainda está no poder", ele brincou.

Minsk "está disposta a ser mediadora para entregar pacificamente o poder" a esses grupos, acrescentou ele sarcasticamente, aconselhando Macron a "se preocupar mais com os assuntos internos da França".

Ele até acusou o presidente francês de dar muita importância a Tijanóvskaya "porque é uma mulher".

Além da crise na Belarus, os países bálticos também esperam que o presidente francês dê um forte apoio para enfrentar as pressões de Vladimir Putin.

E isso em um momento em que o envenenamento do opositor russo Alexei Navalni aumenta ainda mais as tensões entre Moscou e o Ocidente.

Emmanuel Macron insistiu nesta segunda-feira que esperava explicações claras de Moscou sobre o assunto.

Antes de viajar para a Letônia na terça-feira, Macron se encontrará com tropas da OTAN na região, visitando a base lituana de Rukla, onde estão 300 soldados franceses integrados em um batalhão internacional da OTAN.

Uma presença simbólica diante das forças russas.

A Aliança Atlântica implantou rotações permanentes de tropas na Polônia e nos Estados Bálticos diante da percepção de uma política agressiva da Rússia desde a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014.

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