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Trump e Biden se enfrentam em debate de alta tensão nos EUA

O democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump, adversários nas eleições de 2020 nos EUA - Jim Watson e Brendan Smialowski/AFP
O democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump, adversários nas eleições de 2020 nos EUA Imagem: Jim Watson e Brendan Smialowski/AFP

29/09/2020 18h50

Após meses de trocas de acusações, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu rival democrata na disputa pela Casa Branca, Joe Biden, enfrentam-se nesta terça-feira (29) no primeiro debate de uma campanha que ocorre sob alta tensão.

Os adversários políticos já chegaram a Cleveland, no estado de Ohio.

A 35 dias das eleições nos Estados Unidos, e a poucas horas do confronto cara a cara que milhões de pessoas assistirão entre o presidente republicano, de 74 anos, e o ex-vice-presidente democrata, de 77, ambos se queixaram de que o outro mente.

Biden divulgou sua declaração de imposto de renda mais recente em um golpe direcionado a Trump, que parece enfraquecido por revelações sobre sua situação fiscal aparentemente privilegiada.

A equipe do presidente republicano sugeriu que Biden usasse fones de ouvido eletrônicos no debate.

"O comitê de campanha de Joe Biden concordou há alguns dias com uma inspeção, antes do debate, dos fones de ouvido eletrônicos, mas hoje (terça-feira) mudou e se recusou", acusou Trump.

A informação foi negada pela equipe do democrata, que garantiu que o candidato não precisa ter um fone de ouvido escondido.

"Obviamente, ele não está usando fones de ouvido e nunca pedimos pausas" durante o debate, que terá em média uma duração de 90 minutos, afirmou Kate Bedingfield, gerente da equipe de Biden.

Por sua vez, Bedingfield disse: "A equipe de Trump pediu (ao moderador do debate) Chris Wallace para não mencionar o número de mortos pela covid-19".

Essa informação foi negada por Tim Murtaugh, diretor de comunicação da campanha de Trump. "É uma mentira. Isso não aconteceu", ressaltou no Twitter.

Embora o impacto nas eleições seja limitado, esses encontros marcam o ritmo da campanha desde o primeiro encontro televisionado entre John F. Kennedy e Richard Nixon, há 60 anos.

"Estou ansioso pelo debate", disse o presidente às vésperas do encontro que acontece em Cleveland, Ohio, um dos estados considerados "pendulares" - ou seja, mudam sua preferência (republicano, ou democrata) de uma eleição para outra. Em 2016, a vitória foi de Trump.

Biden lidera as pesquisas no estado, assim como a média nacional, conforme elaborado pelo site RealClearPolitics, que lhe confere uma vantagem de 49,7% contra os 42,9% do presidente.

O embate de uma hora e meia terá início às 21h locais (22h em Brasília). Devido à pandemia, o tradicional aperto de mãos inicial foi suspenso.

Com as eleições se aproximando, Trump teme se tornar o primeiro presidente em 25 anos a não conseguir um segundo mandato, repetindo o feito de seu colega republicano George H. W. Bush, derrotado por Bill Clinton em 1992.

A pandemia, que deixou mais de 204.762 mortos no país, a nomeação de uma juíza conservadora para a Suprema Corte, o debate sobre o racismo, o equilíbrio da carreira dos dois candidatos e as dúvidas plantadas por Trump sobre a integridade do eleições são alguns dos temas em jogo.

"Perdas crônicas"

E o acréscimo de última hora: revelações do jornal "The New York Times" apontam que Trump pagou apenas 750 dólares em impostos federais em 2016, ano em que ganhou a presidência.

A matéria indica ainda que as empresas de Trump sofrem "perdas crônicas", o que pode minar sua imagem como um poderoso empresário.

Biden apresentou documentos que indicam que pagou quase 300.000 dólares em impostos no ano passado. "O povo americano merece transparência dos seus líderes e por isso hoje publiquei minhas declarações de imposto de renda dos últimos 22 anos", indicou Biden no Twitter.

Trump também perdeu seu principal trunfo político nos últimos meses: uma gestão da economia que levou o desemprego ao nível mais baixo em décadas, mas que foi devastado pela pandemia que destruiu milhões de postos de trabalho.

A gestão da emergência sanitária também não lhe é favorável, mas Trump - que foi um apresentador de televisão popular antes de entrar na política - consegue ultrapassar obstáculos com os mesmos artifícios usados para ganhar a eleição em 2016: de surpresa em surpresa e quebrando códigos estabelecidos.

"Obstáculos no registro de eleitores"

Nessas eleições, há um número recorde de latinos qualificados para votar, cerca de 32 milhões, o que representa 13,3% do total. A expectativa da diretora de Participação Cívica do Fundo Educacional NALEO, Juliana Cabrales, é, porém, que menos da metade votará.

"A pandemia está criando obstáculos para o recenseamento eleitoral", disse Cabrales à AFP, explicando que os registros muitas vezes aconteciam em reuniões e eventos, afetados pelas restrições.

Entre os latinos, a vantagem de Biden é clara, com 65% de apoio, contra 36% do presidente republicano.

Já na Flórida, um estado importante com 29 votos eleitorais, a liderança do ex-vice-presidente é estreita: 48,7% contra 47,4% de Trump, de acordo com o RealClearPolitics.

E, entre os latinos da Flórida, é Trump quem leva vantagem com 50% contra 46% de Biden, devido ao forte apoio dos cubanos, que celebram o discurso anticomunista do presidente, revelou uma pesquisa da rede NBC News.

Os outros dois debates presidenciais estão programados para 15 e 22 de outubro em Miami, Flórida, e em Nashville, Tennessee, respectivamente.