Movimentos radicais islâmicos na mira após decapitação de professor na França
Paris, 19 Out 2020 (AFP) - O possível envolvimento de movimentos radicais islâmicos no assassinato na sexta-feira de um professor de história perto de Paris por um russo checheno de 18 anos preocupa os serviços de inteligência e o governo francês.
A presença do islamita Abdelhakim Sefrioui entre as pessoas presas em conexão com a investigação do assassinato de Samuel Paty reforçou as suspeitas no sábado.
Esses "movimentos islâmicos minoritários procuram convencer os muçulmanos de que a França é um país islamofóbico. Estão tentando usá-los", disse à AFP Laurent Núñez, coordenador nacional de inteligência e luta contra o terrorismo.
Sefrioui, conhecido da polícia, é o fundador do coletivo Xeque Yasin, em homenagem ao fundador do Hamas, assassinado pelo exército israelense em 2004.
No início de outubro, ele acompanhou o pai de uma aluna da escola onde Paty dava aulas para exigir a demissão do professor, que exibiu caricaturas de Maomé para seus alunos.
Há poucos dias, apresentando-se como "membro do Conselho dos Ímãs da França", também divulgou um vídeo no YouTube no qual denunciava o professor, chamando-o de "valentão".
Foi também Sefrioui quem, em outro vídeo veiculado na mesma plataforma, questionou a aluna e convocou uma mobilização.
No entanto, o promotor nacional antiterrorista Jean-François Ricard não falou no sábado em sua coletiva de imprensa sobre qualquer conexão entre este homem e o assassino.
Embora não exista uma "ligação direta", Laurent Nuñez considera que existe uma "ligação indireta".
"É claro que um limite foi ultrapassado", disse ele, apontando para a "qualidade da vítima - um professor - e a barbárie" de seu assassinato.
Uma fonte próxima ao governo destaca o papel das "mensagens de ódio nas redes sociais que alimentam os jovens".
A atmosfera de ódio nas redes é acompanhada pelo ressurgimento de movimentos radicais islâmicos, segundo Nuñez, que aponta o contexto atual, com "o julgamento da Charlie (Hebdo), a republicação de caricaturas e o discurso do presidente Emannuel Macron sobre uma futura lei para fortalecer o laicismo e combater o separatismo islâmico".
O julgamento é dos cúmplices dos autores dos atentados de janeiro de 2015 à revista satírica Charlie Hebdo, onde morreram 12 pessoas, em retaliação à publicação dessas mesmas charges.
Depois que um jovem paquistanês atacou a antiga sede do Charlie Hebdo no final de setembro com uma faca de açougueiro, uma fonte de segurança disse à AFP que foi "a republicação das caricaturas, e não o julgamento, que contribuiu para as ameaças".
"A vontade de atacar o Ocidente está intacta", mas "entre os que morreram e os que estão presos", a capacidade de ação dos grupos terroristas é "muito limitada", acrescentou a fonte, insistindo na ameaça de indivíduos que agem sozinhos.
Segundo uma fonte próxima ao governo, três correntes islâmicas convergiram há um mês: os "Muçulmanos", liderado por Marwan Muhammad, o Coletivo contra a Islamofobia na França (CCIF) e "Baraka City".
"Para eles, a França é um Estado racista e islamofóbico, um país absolutamente ímpio e infiel", diz a fonte, explicando que "eles querem o caos e a guerra civil para construir uma nova ordem em torno da sharia".
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