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OCDE aponta forte queda de movimentos migratórios em 2020 por crise sanitária

19/10/2020 08h10

O número de permissoões de residência concedidas foi reduzido para quase metade no primeiro semestre do ano na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma situação "sem precedentes", de acordo com um relatório da organização publicado hoje.

As migrações internacionais na área também serão "excepcionalmente baixas" em 2020, estima a OCDE.

"A pandemia de covid-19 teve um grande impacto nos fluxos migratórios no primeiro semestre", com uma redução de 46% no número de novas permissões concedidas, ainda que essa redução "possa ser parcialmente compensada no segundo semestre", segundo o OCDE, que inclui 40 países desenvolvidos.

A queda, entretanto, que não causa "nenhuma surpresa" em um contexto em que as fronteiras foram fechadas e a mobilidade internacional fortemente perturbada durante vários meses.

O número de novos imigrantes permanentes permaneceu estável em 2018 e 2019 - cerca de 5,3 milhões por ano -, descreve Jean-Christophe Dumont, chefe da divisão de migrações internacionais da OCDE.

O impacto da crise varia muito de um país para outro.

"Existem muitos países da OCDE, especialmente não europeus, onde o influxo é literalmente zero, como Austrália, Japão, Estados Unidos, Coreia", explica ele à AFP.

"Na Europa a dinâmica é diferente. Na Suécia, por exemplo, há uma queda, mas menos do que em outros lugares. E depois, em países como a França, há uma queda extremamente acentuada nas licenças concedidas, principalmente em abril, mas em junho voltou ao nível do ano passado", explicou.

Em 2019, antes da pandemia, o número de imigrantes admitidos por razões humanitárias nos países da OCDE caiu 25%, uma diminuição "essencialmente atribuída aos Estados Unidos", onde o governo Trump apertou a política de imigração.

Em contraste, a imigração de trabalhadores permanentes estava "em ascensão (+ 13% em média)", especialmente no Reino Unido (+ 42%), na Finlândia (+ 29%), em Luxemburgo (+ 29%) e na França (+ 12%).

Nos países europeus da OCDE, em Israel e nos Estados Unidos, "os imigrantes estão fortemente sobrerrepresentados em setores de serviços onde os trabalhadores pouco qualificados são muito numerosos, especialmente nos serviços domésticos e no comércio de hotéis e restaurantes", lembra a organização.