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EUA impedirão envio de dinheiro a Cuba através de entidades controladas por militares cubanos

EUA impedirão envio de dinheiro a Cuba através de entidades controladas por militares cubanos - iStock
EUA impedirão envio de dinheiro a Cuba através de entidades controladas por militares cubanos Imagem: iStock

23/10/2020 23h02

Washington, 24 Out 2020 (AFP) - Os Estados Unidos impedirão o envio de dinheiro a Cuba através de entidades controladas por militares cubanos, segundo um documento oficial divulgado hoje, que ameaça a operação da empresa americana de serviços financeiros Western Union e que foi criticado por Havana.

A norma se enquadra na política do governo Donald Trump de negar ao governo cubano acesso a recursos relacionados a remessas, e deve entrar em vigor em 27 de novembro, um mês após a sua publicação.

A iniciativa, enviada ao Registro Federal pelo Centro de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) do Tesouro, cancela licenças que permitiam que entidades sob a órbita do Exército ou dos serviços de segurança cubanos obtivessem fundos por atuarem como intermediários das remessas, ou por receberem comissões para processar operações de remessas.

"Isso poderia ser lido como 'A norma Western Union', porque eles serão os mais afetados", declarou à AFP John Kavulich, presidente do Conselho Econômico e Comercial Estados Unidos - Cuba, organização que assessora empresas americanas sobre negócios na ilha.

A Western Union, que lidera o mercado de remessas em Cuba, opera através da Fincimex, entidade financeira responsável pela gestão do dinheiro enviado à ilha. Ela é filial da Cimex, subsidiária do Gaesa, conglomerado empresarial militar mais poderoso de Cuba.

"A Western Union terá que tomar algumas decisões, entre elas abandonar o mercado cubano ou convencer o governo cubano a mudar o estatuto da Fincimex", indicou Kavulich. Consultada pela AFP, a empresa disse estar revisando a nova regulação. "Traremos mais informações quando tivermos mais clareza sobre seu possível impacto em nossos clientes", declarou uma porta-voz.

A Western Union, com sede em Denver, Colorado, cortou em fevereiro as remessas a Cuba de todas as origens, exceto americanas, alegando "desafios únicos" em sua operação de transferência de dinheiro.

- 'Governo criminoso' -Em Havana, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, afirmou que "os Estados Unidos insistem em prejudicar o povo cubano. A nova medida contra as remessas reafirma que não há limites para um governo criminoso na imposição de políticas que limitem os contatos, a comunicação e a ajuda mútua entre as famílias de ambos os países", tuitou.

O governo Trump, apoiado por cubano-americanos de linha dura contra o governo comunista da ilha, aplicou várias medidas que reforçam o embargo que Washington mantém desde 1962 contra Havana, alegando violações dos direitos humanos em Cuba e apoio ao presidente "ditador" venezuelano.

Segundo o Departamento de Estado americano, as remessas americanas, estimadas em 3,5 bilhões de dólares em 2017, desempenham um papel relevante na economia cubana.