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Novamente atingida pela pandemia, equipe de Trump ataca Biden

25/10/2020 15h41

Washington, 25 Out 2020 (AFP) - A campanha de reeleição de Donald Trump tentou neste domingo (25) evitar um novo surto de coronavírus em sua equipe, ao mesmo tempo em que centralizando os ataques em Joe Biden, acusando o candidato democrata à presidência de "47 anos de fracasso" em Washington.

A nove dias das eleições, os Estados Unidos se veem imersos em um novo aumento no número de casos da covid-19, que no sábado atingiu um recorde diário de infecções pelo segundo dia consecutivo, com cerca de 89.000 novos casos.

Marc Short, chefe da equipe do vice-presidente Mike Pence, assim como outros altos funcionários do governo, testou positivo para covid-19 no fim de semana.

"O vice-presidente vai continuar sua agenda de viagens", disse o porta-voz da campanha republicana, Tim Murtaugh, à Fox News.

"[O vice-presidente] leva essa questão muito a sério (...) as pessoas de sua equipe estão em quarentena e ele conta com os melhores conselhos da unidade médica da Casa Branca", continuou.

Murtaugh criticou Biden por sua agenda de campanha leve, dizendo que o candidato democrata estava "sentindo a pressão" e "tirou cinco ou seis dias de folga" antes do último debate presidencial, realizado na quinta-feira.

"O presidente Trump realizou mais em 47 meses do que Joe Biden em 47 anos de fracasso", criticou Murtaugh.

Os comentários contrastaram as estratégias dos dois candidatos à presidência. Trump, de 74 anos, manteve por dias um ritmo acelerado de eventos e comícios, incluindo paradas programadas para este domingo em New Hampshire e Maine, enquanto Biden estabeleceu uma rota mais cautelosa, falando com menos frequência e para grupos menores, em respeito ao distanciamento social imposto pela pandemia.

- Campanhas contrastantes -Biden, de 77 anos, planeja neste domingo participar de um evento virtual chamado "Eu votarei".

"Estamos fazendo uma campanha incrivelmente dura", declarou a vice-diretora da campanha de Biden, Kate Bedingfield, ao programa "Meet the Press".

"A diferença entre o que estamos fazendo e o que Trump está fazendo é que estamos fazendo as coisas de maneira segura", continuou.

Os Estados Unidos são o país mais atingido no mundo pela covid-19, com quase 225.000 mortes pelo vírus.

Antes das eleições de 3 de novembro, e com mais de 57 milhões de pessoas tendo votando antecipadamente, as duas campanhas lutam para apresentar seus argumentos finais e conquistar os poucos eleitores que ainda estão indecisos.

No sábado, um energético Biden e o ex-presidente Barack Obama acusaram Trump de graves erros no gerenciamento da crise provocada pela pandemia.

"Donald Trump não vai nos proteger de repente. Ele não consegue nem tomar as medidas mais básicas para se proteger", disse Obama, referindo-se à hospitalização de Trump por covid-19 há três semanas.

Trump, porém, se manteve focado e sempre buscou inspirar confiança, apesar de estar atrás nas pesquisas de intenção de voto desde o início da campanha.

O presidente republicano, em uma tentativa de desviar a atenção da pandemia para seus planos para a economia, disse a apoiadores na Carolina do Norte: "Esta eleição é uma escolha entre uma grande recuperação de Trump e uma depressão de Biden".

Trump até sugeriu em um determinado momento no sábado, ao contrário de quase todas as previsões, que os republicanos poderiam retomar o controle da Câmara dos Representantes.

A afirmação provocou um resposta contundente da presidente da Câmara Baixa dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, que chamou o comentário do presidente de "outro exemplo de suas declarações delirantes".

- Pesquisas sombrias para Trump -Trump realizou três comícios de campanha no sábado, enquanto busca diminuir a vantagem de Biden nas pesquisas, minimizando a gravidade da crise da covid-19 e queixando-se da suposta obsessão da imprensa pelo tema.

A resposta de Biden foi que o mandatário deveria estar mais preocupado com a crise sanitária. "Assim é a presidência de Donald Trump", lamentou Biden durante um evento em sua natal Pensilvânia, um estado-chave que pode ser decisivo no resultado das eleições.

"Donald Trump disse, e continua dizendo, que devemos aprender a conviver" com a pandemia. "Não estamos aprendendo a conviver com a pandemia. Ela está nos pedindo para aprender a morrer com ela", criticou o democrata.

Biden mantém uma vantagem estável de cerca de 10 pontos nas pesquisas nacionais e uma vantagem mais estreita em estados contestados como a Flórida, que normalmente decide o vencedor da eleição presidencial dos Estados Unidos.

Mas tanto republicanos quanto democratas estão desconfiados das pesquisas depois da surpresa de Trump em 2016, quando ele derrotou Hillary Clinton, apontada como favorita em praticamente todos os estudos.

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